Barões do agro de MT vendo o “circo pegar fogo”, reclamam do “incendiário” a quem deram o isqueiro

Barões do agro de MT vendo o “circo pegar fogo”, reclamam do “incendiário” a quem deram o isqueiro
Por Mário Marques de Almeida Não foi um surto repentino de amor à natureza, mas o risco de fechamento do mercado externo para produtos derivados da agropecuária, além da preocupação que períodos prolongados de seca trazidos pelos desmatamentos e consequentes queimadas atinjam áreas ocupadas pelas atividades agrícolas intensivas e em alta escala, ocasionando perdas de safras, foram os fatores decisivos que levaram grandes empresas e trades do agronegócio, entre as quais a mato-grossense Amaggi, e lideranças dos setores financeiros a intensificar cobranças do governo federal no sentido de coibir os índices de destruição que batem recordes e se alastram pela Amazônia. Pena que essa cobrança pela preservação das matas pode ser que tenha chegado um pouco tarde. Deveria ter sido feita assim que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse e sinalizou - pelo menos nisso, ele foi sincero e não escondeu o jogo – seu ímpeto antiambientalista, começou a promover o desmonte de órgãos de fiscalização e controle de políticas do setor, a exemplo do sucateamento do Ibama, entre outros entes oficiais voltados para a proteção dos biomas. Uma pratica de “terra arrazada” executada com gosto perverso pelo seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também um antiambientalista notório, paradoxalmente colocado à frente da pasta que deveria zelar pela qualidade do meio ambiente. O mesmo que colocar “raposa para cuidar do galinheiro”! Nesse aspecto, Bolsonaro nunca enganou ninguém, principalmente muitos integrantes do mesmo agro e do grande empresariado, que votaram nele e hoje reclamam da devastação amazônica, que já existia antes, mas foi acelerada agora. Ele já vinha demonstrando aversão e desprezo pelo tema desde sua campanha eleitoral e antes até, com sua atuação nas quase três décadas como deputado federal, quando sempre externou ojeriza aos defensores da flora e da fauna. Não deu outra: eleito, Bolsonaro estimulou e fez vistas grossas às investidas criminosas de desmatadores, madeireiros e garimpeiros ilegais, sem o mínimo compromisso com a ética e os princípios da preservação dos recursos naturais, que se apossaram de áreas cada vez maiores do bioma, culminando com a situação atual de completo descalabro. Após ser cobrado recentemente pelos barões do agro e outros grandes empresários a solucionar o agravamento dos desmates, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, encarregado por Bolsonaro para tentar corrigir os imensos e, talvez, irreparáveis danos causados à floresta e, por consequência, à população brasileira (principalmente aos que habitam e região), se esquivou de dar uma solução rápida. No que, há que se reconhecer, agiu com sensatez evitando assumir compromissos fáceis, que podem ser inexequíveis no curto e médio prazos, diante da gravidade de um problema que se agigantou no país e, realmente, não tem “cura” imediata. E a culpa, no caso, não é só de Bolsonaro. Quem se omitiu lá atrás, não denunciando o problema, também é responsável pela tragédia!