MANÉ CATRACA: “O batom na cueca” de Sergio Moro e a máscara que caiu
MANÉ CATRACA: “O batom na cueca” de Sergio Moro e a máscara que caiu
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01/12/2020 - 22:24
Em tempos recentes, chamava-se “batom na cueca” o fato de alguém, como é o caso do ex-juiz federal Sergio Moro, tempos depois de renunciar à magistratura, ser contratado para atuar na defesa de empresas que antes condenou quando vestia a toga e era temido como o símbolo-mor da “moralização” imposta pela Lava-Jato.
Como os tempos mudaram, e após deixar a Lava-Jato e ter atuado, até há pouco tempo, como ministro da Justiça e Segurança Pública e ter se deixado usar e servido ao bolsonarismo, até ser escanteado do cargo, o fato de Moro mudar de lado, pode ser visto (pelos mais “maleáveis” com relação a princípios éticos e morais) como o direito ao exercício da advocacia.
Mas, para nós, é um sinal de que apenas, mais cedo do que se esperava, finalmente, caiu a máscara do pseudo-paladino da burguesia falso-moralista!
Entenda o caso
Consultoria atua na recuperação de 4 empresas condenadas na Lava Jato
Apresentar soluções para disputas e investigações a empresas que estão sob o escrutínio da justiça, decretaram falência ou estão em recuperação judicial. Essa é a principal atividade da Alvarez & Marsal, consultoria que contratou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro para chefiar uma de suas áreas no Brasil.
A consultoria, com sede nos Estados Unidos, atua para empresas dos setores aeroespacial, telecomunicações, varejo, de logística, farmacêutico, automobilístico, energético e para o setor público.
Além de tratar da recuperação de empresas com problemas com a justiça, ela também atua como consultoria para private equity e valuation e na área de direito tributário.
No Brasil, a Alvarez & Marsal tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. É responsável pelo processo de recuperação judicial da Livraria Cultura e faz a administração da massa falida do Banco Morada.
Mas a grande área de atuação no País é a construção civil. Entre seus clientes estão três construtoras envolvidas na Lava Jato, além de uma petrolífera.
Construtoras da Lava Jato
A Odebrecht é o principal cliente em âmbito nacional e recorreu à consultoria para administrar seu processo de recuperação judicial, anunciado em junho do ano passado por conta de dívidas que batem R$ 98,5 bilhões.
A situação ficou insustentável para a empresa de origem baiana após a devassa da operação Lava Jato, chefiada por Sergio Moro e que se debruçou sobre as operações da construtora no Brasil e no exterior.
OAS e Queiroz Galvão, além da petrolífera Sete Brasil, também estão entre as empresas que tocam seu processo de recuperação judicial com a consultoria depois dos impactos causados pelas investigações.
O papel de Moro
Entre os sócios da Alvarez & Marsal predomina o perfil de advogados com carreira no setor privado. Com mais de 20 anos como funcionário do setor público, Moro é exceção.
Anunciado como sócio-diretor da empresa, o ex-ministro chefiará a área de Disputas e Investigações, o que o coloca como o homem que vai pensar a estratégia para resolução de problemas causados pela operação que o consagrou a partir de 2014.
Em sua conta no Twitter, Moro disse que sua atuação não se trata de advocacia e que não atuará em casos de potencial conflito de interesses. Ele diz que seu papel será “ajudar as empresas a fazer a coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção”.