Pró-armas e "cidadão de bem", veja o perfil do médico que coagiu mulher durante trabalho de parto a dizer que votaria em Bolsonaro
Pró-armas e "cidadão de bem", veja o perfil do médico que coagiu mulher durante trabalho de parto a dizer que votaria em Bolsonaro
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25/10/2022 - 14:45
Redação
O médico Allan Henrique Fernandes Rendeiro, cuja imagem viralizou ao constranger uma mulher em trabalho de parto e seu marido a votar em Bolsonaro, possui um pequeno arsenal de 40 armas. Referindo-se ao bebê, ele disse que a criança havia "nascido bolsonarista". O próprio médico produziu um vídeo sobre o parto, apagado após as repercussões negativas nas redes sociais. “Eu sou Gael, já nasci 22 e vou votar no Bolsonaro", diz no vídeo enquanto aponta a câmera para o bebê.
A parturiente ainda numa maca foi incitada pelo médico, várias vezes, a dizer que iria votar em Bolsonaro. Ainda sob efeito de medicamentos e sonolenta, a paciente não conseguia responder. O marido dela e pai do recém-nascido é eleitor de Lula, também foi constrangido pelo médico a mudar de voto.
De acordo com sua declaração de bens fornecida ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) quando foi candidato a deputado estadual pelo Pará, em 2018, Rendeiro elencou 40 armas, entre elas algumas exclusivas para colecionadores e outras destinadas ao tiro esportivo.
Allan Rendeiro, de 65 anos, era filiado ao Partido Humanista da Solidariedade e teve 1245 votos naquele pleito, o que lhe concedeu o direito a ser suplente na Assembleia Legislativa do Pará.
Ele possui uma clínica obstétrica em Belém no bairro Reduto, um dos mais valorizados da cidade.
Não é a primeira vez que o médico envolve-se em uma polêmica nas redes sociais. Em 2019, o Conselho Regional de Fisioterapia emitiu uma nota de repúdio contra Rendeiro. Na época, os profissionais consideraram “comentários desrespeitosos, agressivos que, em qualquer circunstância, apenas revelam enorme despreparo e desconhecimento de qualquer profissional que as faça sobre a saúde da mulher, bem como da autonomia, independência e competência de cada uma das profissões da saúde”.
Em seu perfil de Instagram, o obstetra disse, de forma equivocada, que não existia a fisioterapia em saúde pélvica da mulher e que tudo que é aplicado por esses profissionais nessa área não possui embasamento científico. Ao discutir com quem divergia com ele nas redes, ele afirmou: “A culpa disso é do PT que plantou na cabeça destas revoltadas que era tudo igual. Resultado, intromissão em áreas de competência, sem competência”
Seu perfil no Instagram é fechado, mas em sua descrição ele se define como “comprometido com Deus, família e boas práticas”.