Mato Grosso está no “olho do furacão” do tráfico de drogas

Mato Grosso está no “olho do furacão” do tráfico de drogas fronteira
"Por Mário Marques de AlmeidaO aumento da produção de cocaína em países vizinhos, a exemplo da Bolívia que detém extensa faixa de fronteira com o Brasil e somente na parte que toca a Mato Grosso são mais de 700 quilômetros, pontuados por vias de acesso de um lado a outro (estradas e trilhas “cabriteiras”) de difícil controle e fiscalização, reflete no crescimento de apreensões da droga em território mato-grossense. O que, por sua vez, implica na mobilização de recursos humanos e materiais, ensejando gastos crescentes com segurança, além de gerar instabilidade e disparada nos índices de violência, principalmente nos locais para onde a cocaína é direcionada - os centros de consumo.     Combater a expansão do tráfico do lado de cá da fronteira – no caso, MT  -, quando as fontes de onde se originam as drogas estão do lado de lá (Bolívia) e aumentam a produção da cocaína, é como “enxugar gelo”, desabafa um veterano policial mato-grossense, ouvido pelo Página Única, cujo nome é preservado.   "Estamos bem no 'olho' desse furacão e Mato Grosso, isoladamente, é incapaz de enfrentar essa guerra contra o narcotráfico e suas organizações criminosas", alerta o policial, acrescentando ser "louvável" a atuação da segurança estadual nesse sentido, mas insuficiente para o enfrentamento exigido.    Na sua visão, para combater esse grave problema é preciso mais do que operações conjuntas com forças federais, mas de uma política nacional abrangente focada nas áreas vulneráveis à entrada da droga, como é o caso de Mato Grosso. "Se não investir primeiro aqui, não adianta gastar bilhões no Rio de Janeiro", pondera. Esse aumento na produção da cocaína, além de ter seus efeitos sentidos em Mato Grosso  (mais ainda, nas grandes cidades brasileiras), já foi detectado até pela ONU.De acordo com o representante no Brasil do escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (UNODC), Rafael Franzini, o patamar de produção alcançado atualmente é um "recorde histórico". "Não se pode falar da situação do Brasil sem ser observado o contexto mundial. Nosso informe mostrou o aumento na produção de cocaína, que com certeza tem reflexo nas apreensões", disse. Nas estimativas do órgão, a área cultivável nos países vizinhos é capaz de produzir cerca de 1,4 mil toneladas anualmente. O representante fala ainda sobre a importância da capacidade da polícia em reprimir de forma qualificada a atuação das facções. "Essas organizações são empresas criminosas com atuação no mundo inteiro. As mais organizadas vão conseguir atuar de forma distinta e é importante que a polícia tenha o conhecimento dessas tendências para reagir melhor", explicou Franzini. "O corredor entre o produtor, o exportador e o consumidor final se solidificou há cerca de dois anos. O fluxo da droga, vinda da Bolívia, começou a aumentar e vai continuar aumentando, em razão do cartel que se formou, com protagonismo do PCC", disse o procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Márcio Christino classifica o aumento nas apreensões como "previsível". *Com informações da Agência Estado