Discurso de “paladino da moralidade” não deve “colar” mais em MT nestas eleições

Discurso de “paladino da moralidade” não deve “colar” mais em MT nestas eleições discurso
Análise políticaRedaçãoNas eleições passadas, da qual se sagrou vencedor o atual governador Pedro Taques (PSDB) e na época filiado ao PDT, agora candidato à reeleição, a ênfase predominante no marketing do ex-pedetista e ora tucano, foi focada em um discurso fortemente moralizador.Mas perdeu a validade, quer seja pelo fato de que o governador tem o seu primo, o advogado Paulo Taques, ex-chefe da Casa Civil, preso sob a acusação de ser o principal pivô do rumoroso caso das escutas clandestinas (“grampos”) feitas em ligações telefônicas de adversários políticos do atual chefe do Executivo, autoridades do Judiciário, advogados, jornalistas, empresários e até uma suposta amante do então poderoso chefe da Casa Civil.Nesse episódio deprimente e vergonhoso na história mato-grossense, um cabo da PM que operava os aparelhos de escutas declarou em depoimento à Justiça, que os mandantes dos “grampos” seria o próprio governador, alem de Paulo Taques.Quanto à defesa de Pedro Taques de que é inocente no caso das escutas ilegais e vir alegando que ele próprio pediu para ser investigado no Tribunal Superior de Justiça (STJ), cabe observações.Ocorre que, diante da gravidade do crime de interceptações telefônicas ilegais e, talvez, prevendo no que tange à suspeitas e denúncias sobre sua participaçao, o governador pode ter previsto, como bom jurista, que por desfrutar de foro especial, já sabia que o processo fatalmente, mais cedo ou mais tarde, desembocaria no STJ – instância onde se processa ações e julgamentos de governadores, a exemplo dele. Considerando esses fatores, pode se avaliar que Pedro Taques apenas se antecipou a uma ação que poderia responder mais adiante. E, de quebra, ainda ganharia o famoso discurso de “quem não deve, não teme”. Alias, muito apropriado para governantes e políticos suspeitos de participação em escândalos e que vão disputar eleições. Na avaliação de profissionais em Direito, ao se antecipar indo ao STJ, ele agiu com esperteza (e não "por querer ser investigado", como deixa transparecer), tendo em vista que, dentre os suspeitos no caso da "grampolândia pantaneira", ele era e é o único, por ser governador, cujo desfecho, dependendo das investigações em andamento, iria tramitar naquela esfera judicial. Em suma, foi uma tática em sua estratégia na eventualidade de precisar se defender das acusações.   Além disso, para desmontar o discurso da “moralidade”, alem da corrupção no Detran iniciada na gestão passada e que prosseguiu funcionando por mais de um ano no atual governo, existe o fato que um ex-secretário de Educação de Pedro Taques também foi preso.Nesse contexto, quem se dedicar a “puxar rabos” de concorrentes pode não avançar no caminho das urnas. Simplesmente porque, quando se nivela por baixo, o eleitorado pode optar pelos candidatos mais experientes na vida pública e que, ao longo de vários mandatos, em que pese eventuais pontos  questionáveis nessa trajetória, podem apresentar um saldo maior de realizações positivas, além de capacidade de agregar mais força política e econômica para tirar o Estado da situação de insolvência, como a que se encontra atualmente e quando pequenos fornecedores ficam seis meses ou até mais para receber seus haveres, o que vem fechando portas e provocando quebradeira nesse setor que, em seu conjunto, é grande gerador de empregos devido a quantidade de micros e pequenas empresas.