PF se desdobra para combater mais de 7 mil “soldados” de facções criminosas em MT

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Redação O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, delegado Áderson Vieira Leite, aponta o baixo efetivo da corporação, além da carência de recursos como fatores que impedem um combate mais abrangente ao crescimento de organizações criminosas no Estado.    Apesar disso, são notáveis, conforme a própria mídia vem registrando, os esforços que a PF, isoladamente ou em parceria com outras forças, vem promovendo na repressão e monitoramento dessas quadrilhas.   No foco da instituiçao policial federal estão as duas principais facções criminosas, o Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho, respectivamente, que, segundo levantamento da PF, teriam 7,4 mil integrantes em Mato Grosso.    Desse total, 7 mil são membros do Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT). O restante pertence ao Primeiro Comando da Capital (PCC).  Esta última, uma organização criminosa que comanda o crime em regiões vizinhas a Mato Grosso, como é o caso da fronteira com o Paraguai, no MS, mas é numericamente inferior ao CVMT em Mato Grosso.   O trabalho de investigação e repressão vem ocorrendo mesmo diante da limitação de recursos humanos da PF, cujo efetivo é de 300 agentes e demais servidores lotados em Cuiabá e nas outras quatro delegacias, nas cidades de Barra do Garças, Cáceres, Sinop e Rondonópolis.   O superintendente da Policia Federal lembra que a expansão dos grupos fez com que o governo Federal passasse a atuar no combate direto às facções e em Mato Grosso  e, nesse sentido, um convênio está sendo agilizado entre Polícia Militar, Secretaria de Estado de Segurança Pública e Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) para dar início a uma força-tarefa.   Conforme o delegado, o trabalho conjunto é realizado antes mesmo da assinatura do convênio, sendo que os agentes estaduais e federais já compartilham informações, tecnologia e expertises.    “Temos que usar tudo para nos antecipar e impedir que tenham sucesso nas atividades, que são diversas”.   Os esforços são constantes para acompanhar a dinâmica dos grupos, tendo em vista que estes se especializam em ações que possam gerar capitalização rápida, como assalto a banco, tráfico de drogas e sequestros.    Além disso, é preciso aprofundar no acompanhamento e descoberta dos canais usados pelos marginais para fazer a “lavagem” do dinheiro fruto de crimes, o que eles fazem objetivando dar aparência legal a esses recursos.   Balanço No ano passado, foram apreendidas 4,5 toneladas de cocaína e apenas nos primeiros 6 meses deste ano, a quantidade já superou 4,6 toneladas. Também foram apreendidas mais aeronaves. No ano passado foram 5 e este ano, até julho, foram 8.   Devido à proximidade com os produtores de cocaína, as apreensões de maconha são menores. Chegaram a 1,8 tonelada no ano passado e este ano somam 1,2 tonelada.   Atualmente, 2.469 inquéritos estão em andamento na Polícia Federal, em Mato Grosso. As estatísticas mostram que o índice de resposta é alto e chega a mais de 90% do total de investigações. No ano passado, 1.459 processos foram abertos e 1.329 foram relatados, ou seja, chegaram a uma conclusão.   Nos primeiros meses deste ano, 882 novas investigações foram abertas e 892 foram relatadas.   Entre os que estão em andamento, a maior parte está relacionada a estelionato contra a União (400), seguida de falsificação de documentos (304).   Os processos estão concentrados nas fraudes ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), principalmente as relacionadas ao recebimento de benefícios, pensões e auxílios. Existem ainda casos que envolvem o recebimento ilegal de Seguro Desemprego e Seguro Defeso, que é pago aos pescadores profissionais no período da piracema.   Com relação às falsificações, as investigações concentram-se em apresentação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e documentos de veículos falsos e ainda a apresentação de documentos ilegais em licitações ou concorrências públicas.   Outra situação que merece destaque é a apresentação de diplomas falsos às entidades de classe. Nestes casos, as pessoas querem ter acesso à carteira profissional e acabam sendo descobertas. A incidência do crime é maior nos conselhos de Medicina, Educação Física e Engenharia.   Andrade alerta as pessoas que os casos de falsificação de diploma são descobertos em 100% das investigações. E tanto faz se o vendedor seja alguém de uma instituição de ensino ou um fornecedor da Internet.   Os outros crimes com maior incidência são furto de entidades federais e tráfico de entorpecente.   Novo golpe   Um crime que vem ampliando o número de inquéritos nos últimos dias é falsificação de dinheiro. O delegado Andrade relata que os bandidos estão se aproveitando dos sites de compra pela Internet.   Eles localizam pessoas que queiram vender um celular e marcam para fazer a transação no estacionamento de um shopping ou supermercado. Quando chegam ao local, pegam o produto e pagam com as cédulas falsas. “Ou a pessoa não tem condições de avaliar autenticidade das notas ou tudo acontece muito rápido, sem que haja tempo de uma análise criteriosa dos valores recebidos”.   Nas situações acima, o golpe é descoberto quando a vítima tenta comprar algo no comércio. E, na hora de ir à polícia, não há informações sobre o suspeito além de um número de celular.   Ainda no âmbito das notas falsas, com frequência a PF está interceptando entregas de notas falsas pelo Correio. “Já temos uma parceria e quando a pessoa compra pelos sites, o pedido é rastreado. Neste esquema, sempre identificamos o comprador e o fornecedor”.