No dia em que a Justiça define o futuro de Lula, manifestações contra e a favor do ex-presidente não acontecem em Cuiabá, a exemplo das que ocorreram em 2016 no impeachment de Dilma

No dia em que a Justiça define o futuro de Lula, manifestações contra e a favor do ex-presidente não acontecem em Cuiabá, a exemplo das que ocorreram em 2016 no impeachment de Dilma lula
rEDAÇÃOAo contrário das grandes capitais, com foco maior em Porto Alegre, onde ocorre o julgamento de Lula nesta quarta-feira (24) e grupos prós e contras a condenação do ex-presidente vêm promovendo atos há vários dias , em Cuiabá não existe praticamente movimentação nesse sentido, a exemplo das ruidosas passeatas de 2016 – a quase totalidade delas cobrando o impeachment da ex-presidente Dilma.Nesse aspecto, tanto defensores que querem Lula livre do processo judicial e disputando as eleições presidenciais deste ano, como os segmentos que desejam vê-lo afastado da disputa e, de preferência na cadeia, não se manifestaram ruidosamente, pelo menos até na manhã desta quarta – data fatal em que a TRF-4 vai definir o futuro de Lula.Apenas, no final da tarde de ontem (23) e começo da noite, um minúsculo grupo de não mais de 10 pessoas, se posicionava ao lado do Choppão, na praça 8 de Abril, com faixa onde pedia que os motoristas que passavam pelo local tocassem a buzina de seus carros em sinal de apoio.  Resultado: não aconteceu “buzinaço” algum e a adesão foi mínima, talvez porque a maioria dos condutores sequer tivessem percebido o ato.Entenda o caso  Os três desembargadores da 8.ª Turma da Corte - João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus - vão julgar o recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação de 9 anos e seis meses a ele imposta pelo juiz Sérgio Moro na ação penal do famoso triplex do Guarujá (SP). Um País inquieto e dividido vive clima de comoção. Manifestações aqui e ali. Nas ruas, concentrações ruidosas. A favor e contra. Muitos esperam ver Lula preso, outros tantos, não.  Mas, a prisão imediata é uma cena improvável, ainda mais nessa etapa do processo - mesmo se confirmada a condenação, ainda que ampliada a pena para o petista, ainda que derrotado por um placar de três a zero, uma eventual execução provisória pelo TRF-4 só poderá ocorrer após o julgamento de todos os recursos, e eles são muitos (embargos de declaração, embargos infringentes, etc). Coisas do nosso ordenamento jurídico.   Eventual candidatura à presidênciaSe condenado, uma eventual candidatura de Lula à presidência, na eleição de outubro, pode ser barrada com base na Lei da Ficha Limpa, que considera inelegíveis aqueles que tenham sido condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado.No entanto, há uma brecha na lei que permite solicitar uma liminar (decisão provisória), o que garantiria o registro da candidatura. "Se condenado, ele ainda poderia recorrer e enquanto houver espaço para que a condenação seja revertida, ele poderia tentar a suspensão da inegebilidade. Ele poderia ainda conseguir uma decisão liminar (provisória) e participar do pleito. E, mesmo sem liminar, Lula poderia conseguir registrar a candidatura perante o Tribunal Superior Eleitoral, em 15 de agosto, se não for preso. Nesse caso, o registro estaria sub judice”, explica a advogada Carolina Clève.Os seguidores de Lula pedem a sua absolvição.  Eles acreditam na sua inocência e não o admitem atrás das grades. Os advogados de defesa, Cristiano Zanin Martins e José Roberto Batochio, estão a postos. À frente da barreira jurídica do petista, Zain e Batochio sustentam que ele é alvo de um "lawfare" - o uso da lei como "arma ideológica" para esmagar Lula e tirá-lo do caminho das urnas em outubro. Gleisi Hoffmann, a presidente nacional do PT, já disse que "para prender Lula vai ter que matar gente". O veredicto só não sai nesta quarta-feira, 24, se algum magistrado pedir vista e adiar a sessão histórica. O processo do triplex envolve suposto favorecimento da OAS em contratos com a Petrobras. A força-tarefa da Lava Jato sustenta que a empreiteira pagou propinas ao petista por meio de obras de ampliação e melhorias no apartamento do Guarujá. Os procuradores o denunciaram por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa de Lula nega que ele seja o verdadeiro dono do imóvel. Os trabalhos serão iniciados pelo presidente da 8ª Turma, desembargador Leandro Paulsen. Depois, o relator, desembargador João Pedro Gebran Neto, faz a leitura do relatório do processo. Em seguida, a palavra do Ministério Público Federal - procurador Maurício Gerun - que, levando em conta que recorre quanto à situação de diversos réus, terá o tempo de 30 minutos. A vez dos advogados de defesa terá tempo máximo de 15 minutos cada réu - além de Lula, outros seis condenados no caso triplex recorreram ao TRF-4. Ao todo será disponibilizada uma hora para o conjunto das sustentações orais da defesa, de modo que possam reforçar oralmente, nesta sessão, suas razões e seus pedidos. A seguir, Gebran lê o seu voto e passa a palavra para o revisor, desembargador Leandro Paulsen, que dá o voto. Paulsen é seguido pela leitura de voto do desembargador federal Victor Luiz dos Santos Laus. Paulsen, que é o presidente da turma, proclama o resultado.