Arquivos do extinto Sistema Nacional de Informações (SNI) revelam que o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), foi monitorado pelas autoridades durante a Ditadura Militar (1964-1985). Os documentos indicam que Mendes, então estudante de engenharia elétrica e presidente do Diretório Central Estudantil (DCE) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), esteve sob vigilância nos anos 1980, período próximo à redemocratização do país. Conforme divulgado pelo portal Gazeta Digital, um dos relatórios aponta que Mendes concedeu uma entrevista ao jornal Correio de Mato Grosso, na qual expressou sua visão sobre o cenário político da época. “Tanto o capitalismo quanto o socialismo, da forma que se apresentam, não são solução para o momento brasileiro de hoje”, declarou o jovem estudante. A frase foi destacada pelo SNI como um indicativo de sua posição política. Outro trecho dos documentos, divulgado pela Folha do Estado, detalha a participação de Mendes no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em outubro de 1983, em São Bernardo do Campo (SP). O relatório menciona que o grupo de estudantes de Mato Grosso viajou em um ônibus fretado da empresa União Cascavel Transportes e Turismo Ltda. (Eucatur), chegando a registrar a placa do veículo. Atualmente, Mauro Mendes se aproxima de setores políticos que relativizam os crimes cometidos durante o regime militar. Recentemente, ele participou de manifestações em defesa da anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e tem criticado decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo a que tornou réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A trajetória política do governador passou por transformações significativas ao longo das décadas. Sua primeira eleição ocorreu pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), com discursos elogiosos à então presidente Dilma Rousseff (PT). Mais tarde, ele se alinhou ao ex-presidente Bolsonaro e adotou uma postura mais conservadora. As informações reveladas pelos arquivos do SNI ajudam a reconstruir parte da história política recente do Brasil, evidenciando o monitoramento exercido pelo regime militar sobre lideranças estudantis da época.