Ciro volta a relacionar Bolsonaro ao nazifascismo e critica Paulo Guedes, mentor econômico do canddato de extrema-direita por propor que “mais pobres paguem mais impostos que ricos”

RedaçãoO candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, saiu do autoproclamado tom 'more presidential', que caracterizava a campanha dele até agora, para criticar adversários e institutos de pesquisa. Até mesmo polêmicas que tratam as propostas de Jair Bolsonaro (PSL) como nazifascistas voltaram a rondar o discurso do pedetista. Em evento em São Paulo, no qual recebeu o apoio de quatro centrais sindicais à sua campanha, Ciro criticou também o concorrente do PT, Fernando Haddad. O pedetista disse que Haddad é uma boa pessoa, mas que não tem experiência para comandar o País. "O camarada que perdeu no primeiro turno em São Paulo para o farsante do (João) Doria, perdeu para os brancos e nulos vai conseguir proteger o Brasil do nazismo, do fascismo, do extremismo? Eu acho que não", afirmou. Mesmo sem relacionar diretamente Bolsonaro aos movimentos de extrema-direita, como havia feito em 29 de agosto em ato com reitores de universidades federais em Brasília, Ciro disse que a proposta de unificação da tributação do Imposto de Renda em 20%, desejada por Paulo Guedes, assessor econômico de Bolsonaro, é fascista. "Todo mundo sério cobra imposto de forma progressiva. Cobra menos de quem ganha menos e mais de quem ganha mais. O que o posto Ipiranga do Bolsonaro está propondo é o inverso. É a cara do fascismo, é exatamente isto. Toda perseguição aos mais pobres, de preferência mulheres, negros, índios e LGBTs e todos os privilégios aos de cima", disse. Ciro também minimizou os números da mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo, na qual ele manteve 11%, Haddad subiu de 8% para 19% e Bolsonaro foi de 26% para 28%. "Nós não podemos ceder o nosso voto aos institutos de pesquisa, porque eles erram. É só ver o que as pesquisas diziam em setembro de 2014 nesta data, quando falavam que a Dilma (Rousseff) e a Marina (Rede) iriam disputar o segundo turno", afirmou. Negando que a agenda do fim de semana no Nordeste seja para atrair votos do lulismo, que segundo as pesquisas estão migrando rapidamente para Haddad, o pedetista ironizou. "Quem é que está dizendo? É o Ibope? Tu acredita no Ibope? E em mula sem cabeça?", disse a jornalistas.SOBRE PROPOSTA BOLSONARIANA"Ele (Bolsonaro) tem dito toda hora que vai diminuir os impostos e hoje anunciou-se com caráter oficial, com o Paulo Guedes, que vai fazer a unificação das alíquotas do Imposto de Renda. Isso vai fazer com que toda a classe média pague muito mais imposto do que paga e vai acabar diminuindo a dos mais ricos, que hoje pagam 27,5% e depois vão pagar 20%. Mais grave, tá falando em criar impostos e propondo a recriação da CPMF. Isso é uma contradição muito grave", afirmou o candidato do PDT. A declaração foi feita em evento de perguntas e respostas realizado pelo Twitter . Mais cedo, em ato com sindicalistas na capital paulista, o candidato do PDT havia dito que a proposta de Paulo Guedes "é a cara do fascismo". Ao responder às perguntas de usuários do Twitter, Ciro disse que "existe na turma do Bolsonaro uma turma de nazistas". "Tem gente deles que são ricos, brancos, andam de carro blindado e tão pouco se lixando para o futuro do Brasil", disse. "Mas tem uma outra parte de jovens, da classe média, de gente pobre com medo da violência que o apoia. A essas pessoas eu digo que vocês (apoiadores) tem de ter paciência. Mostre para eles que a ideia dele é vazia", afirmou. Ciro se comprometeu ainda em "repartir o poder" com mulheres, caso seja eleito. "Este é um gol que fiz no Ceará e que quero repetir na Presidência da República", disse.(Com Agência Estado)