Justiça aponta que gabinetes foram palco de negociação ilícita

Justiça aponta que gabinetes foram palco de negociação ilícita
A juíza Edna Ederli Coutinho, ao autorizar busca e apreensão nos gabinetes dos vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), no âmbito da operação Perfídia, na terça-feira (29), destacou que estes gabinetes foram “palco” da negociação ilícita para recebimento de propina da empreiteira HB 20 Construções Eireli, responsável pelas obras da Avenida Castorina Sabo Mendes, o “Contorno Leste" de Cuiabá. “A representação policial, portanto, apresenta elementos que indicam que a Câmara Municipal de Cuiabá, em especial os gabinetes dos vereadores investigados, foram utilizados como palco para as negociações ilícitas e para a entrega de parte da propina, desvirtuando a finalidade pública do mandato parlamentar”, destacou a juíza. A empresa pagou propina de R$ 250 mil ao vereador Sargento Joelson e, em contrapartida, recebeu R$ 4,8 milhões em dívidas da gestão Emanuel Pinheiro (MDB). Do montante de R$ 250 mil apontados como fruto de propina, R$ 150 mil foram transferidos via Pix para José Márcio da Silva Cunha, apontado como intermediário do vereador, e outros R$ 100 mil teriam sido pagos em espécie, nas mãos do próprio Joelson. Na justificativa para que os gabinetes fossem alvos de busca e apreensão pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), a juíza explicou que houve uma ação conjunta entre Chico e Joelson, que negociaram dentro da Câmara o recebimento da propina, em reuniões com um funcionário da HB 20 Construções, que delatou o esquema. “O colaborador J.J. complementou suas informações iniciais, esclarecendo que o pedido de vantagem indevida, inicialmente atribuído ao vereador Sargento Joelson, foi na verdade uma ação conjunta deste com o então presidente da Câmara, Vereador Chico 2000, durante uma reunião no gabinete deste último, para onde J.J. foi levado por Joelson.” A juíza mandou recolher as imagens do sistema de monitoramento da Câmara de Cuiabá entre agosto de 2023 e agosto de 2024, além de outras mídias, como computadores, celulares e documentos. As residências de Chico 2000 e Sargento Joelson também foram alvos e os celulares de ambos recolhidos. Os dois ainda foram afastados dos cargos e estão proibidos de frequentar o prédio da Câmara.