Vaga para o Senado "judicializa" pleito em Mato Grosso
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04/10/2018 - 09:12
selma44
Juíza acusa seus concorrentes de "armação" para minar sua candidatura, que estaria na liderança das pesquisas de intenção de votos
Redação
A disputa pelo Senado envolvendo os candidatos Nilson Leitão (PSDB), Sebastião Carlos (REDE) e Selma Rosane de Arruda (PSL) descambou para a judicialização do pleito e o desaguadouro dessa contenda é o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ou delegacia de polícia. Na instância da justiça eleitoral, por exemplo, nos últimos dias, foram interpostas ações de uns contra os outros. Tendo ainda como pivô nesse entrevero o advogado José Antonio Rosa que, como consequência dessa briga, em mais um de seus desdobramentos, ingressou com notícia-crime contra a juíza aposentada Selma Arruda. A representação de Antonio Rosa é por denunciação caluniosa, após a candidata ao Senado o acusar de “orquestrar” um esquema para prejudicar a sua candidatura.Rosa alega que, em notícia-crime apresentada contra ele, Selma afirma que o advogado é o “maestro dessa orquestra toda” e o acusa de crime eleitoral e de violação de sigilo profissional “sem nenhuma evidência”. Selma alega ter sido vítima de uma tentativa de extorsão liderada por seu ex-marqueteiro, Junior Brasa, e pessoas ligadas ao seu adversário nas urnas, Nilson Leitão (PSDB).De sua feita, o publicitário ingressou com uma ação monitória contra ela para receber valores supostamente devidos após quebra de contrato - na ordem de quase R$ 1,2 milhão - , além de ter denunciado suposta prática de caixa 2 em sua campanha. Na notícia-crime apresentada contra o advogado, Selma cita uma reunião da qual teria participado o advogado José Rosa, o jornalista Mauro Camargo, responsável pelo marketing de Leitão (PSDB), e o empresário Alan Malouf, réu na Operação Rêmora para a montagem do suposto esquema. De acordo com a candidata, 12 has após o encontro, foi protocolada uma investigação judicial no TRE. O advogado nega que tal reunião citada pela candidata tenha ocorrido e diz que ela baseia seus argumentos em uma “matéria inverídica e irresponsável", assinada por um jornalista que nem mesmo se encontraria na cidade ou teria apresentado qualquer documento que comprovasse tal fato. “Ocorre que tal jornalista parece prestar serviços diretamente para a campanha da noticiada, posto que a maioria das suas publicações visa defender Bolsonaro e a noticiante a qualquer custo”, afirmou Rosa, no documento apresentado à Justiça Eleitoral. Rosa ainda acusa Selma de “criminalizar o exercício da advocacia” e ressalta que, agora que está aposentada, não mais pode contar com o “escudo da toga”“Entende-se que quando ela era juíza podia dar entrevistas imputando crimes a réus ainda que por sentença não transitada em julgado sem nenhum receio de ser responsabilizada. Porém, aqui o faz sem evidências, sem processo e sem o escudo da toga. Logo, não pode furtar-se de ser responsabilizada por suas ações e suas palavras”, diz trecho do documento.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
Por outro lado, o candidato ao Senado pela coligação Redefinindo Mato Grosso (REDE/PPL), Sebastião Carlos, registrou um boletim de ocorrência (BO) contra a ex-juíza Selma Arruda por calúnia e difamação. A queixa à polícia, feita na noite de terça-feira (02), deu-se em virtude de ela chamá-lo de “laranja” e insinuar, em entrevistas à imprensa e nas redes sociais, que Sebastião Carlos teria recebido dinheiro para prejudicá-la. Isso porque o candidato ingressou com uma ação de investigação eleitoral em que Selma Arruda poderá responder por, entre outras práticas, caixa dois na campanha. O pedido de investigação eleitoral contra Selma Arruda foi proposto pelo candidato depois que tomou conhecimento da ação monitória ingressada pelo publicitário Júnior Brasa, em que cobra uma dívida da candidata por serviços de publicidade de campanha realizados antes do período autorizado pela legislação. A monta paga pela ex-juíza é de R$ 700 mil – parte feita com cheques pessoais -, mas o valor total cobrado passa de R$ 1,8 milhão. Selma pode responder por abuso de poder econômico e crime eleitoral. “Ela transgrediu as regras das eleições. Eu quero uma eleição limpa, justa e igual para todos. Ela não cumpriu essas tarefas, embora se dizendo uma candidata que luta pela moralidade. E, ao invés de se defender, de apresentar contraprovas, ela preferiu o ataque covarde e cruel”, apontou Sebastião Carlos, desafiando que a ex-juíza prove as acusações que fez contra ele e que abra seu sigilo bancário, assim como ele o fez.