Mauro Mendes vai ter que “se virar nos trinta” para administrar um Estado rico, mas com imenso déficIt financeiro e orçamentário

Mauro Mendes vai ter que “se virar nos trinta” para administrar um Estado rico, mas com imenso déficIt financeiro e orçamentário mauro
Mário Marques de Almeida   Mato Grosso enfrenta o paradoxo de ser um Estado rico com um governo “pobre” em termos de recursos para honrar seus compromissos mais elementares, e esse dilema deve continuar em 2019.  Levando em conta a estimativa de um orçamento “arrochado” com o qual o governador eleito Mauro Mendes, que assume no próximo dia 1 de janeiro, terá que administrar o Estado. Vai ter que se "virar nos trinta", como se diz.    Campeão nacional na produção de grãos, notadamente soja e milho, se destacando também como o principal produtor de algodão de fibra longa, o mais valioso, inclusive chamado de “ouro branco” pela sua grande aceitação no mercado interno e externo,  além de deter o maior rebanho de gado de corte do país, isto sem falar em sua vasta potencialidade mineral, Mato Grosso é mesmo imensamente rico.   No entanto, a maioria dessa riqueza não se traduz em recursos para os cofres públicos através de impostos, isto porque a quase totalidade dos produtos gerados no Estado se destina à exportação e é isentado de tributos pela famosa (ou seria famigerada?) Lei Kandir.   Essa isenção é benéfica para o país, que tem superávits em sua balança comercial com outros países graças em grande parte à exuberante produção mato-grossense. Mas o lado perverso desse modelo capitalista com foco no comércio exterior é o que penaliza Mato Grosso em sua receita fiscal e por consequência agrava a situação das camadas mais pobres da população, que padecem pela precariedade de serviços públicos em áreas vitais, como saúde, por exemplo.   Outra distorção que se verifica no Estado é uma divisão bem clara em sua economia: de um lado empresas e pessoas endinheiradas que atuam no  agronegócios e, de outro, segmentos cada vez maiores de empobrecidos pela crise e a queda brutal de renda, nos últimos anos.   Esse viés econômico faz com que governantes enfrentem crises de caixa e tenham que cortar gastos e mais gastos e o dinheiro nunca sobra para investimentos ou para pagar compromissos com fornecedores, mal dando para manter o custeio da máquina, o que inclui salários de servidores.   É como “enxugar gelo” – uma tarefa que nunca acaba ou inócua e a correção do problema é mais complexa do que parece, pois não depende apenas da decisão desse ou daquele governador, mas impacta em questão macroeconômicas da esfera nacional e no próprio sistema federativo vigente, injusto com regiões altamente produtivas, como é o caso de Mato Grosso, e sofrem a penúria de não terem reciprocidade da União, recebendo (quando recebem!) um retorno ínfimo comparado à grande contribuição dada ao pais.   Superar essas e outras dificuldades é o principal desafio do governador eleito e, diante disso, já afirmou não estar “eufórico”, e com razão.   Ele, por certo (ao menos tem demonstrado isso, nas entrevistas já concedidas à Imprensa), está consciente das responsabilidades que tem pela frente, para corrigr esse imenso -  e histórico - déficit financeiro e orçamentário entre arrecadação, por mais que tenha crescido no Estado, mas ainda assim insuficiente para cobrir demandas crescentes.