Empresa pública de Rondonópolis é vista como “joia da coroa” do saneamento e é cobiçada pelo setor privado

Empresa pública de Rondonópolis é vista como “joia da coroa” do saneamento e é cobiçada pelo setor privado sanar
Redação   Em um país onde cerca de 100 milhões de pessoas não têm acesso a serviços de redes de esgotos e outras 35 milhões à água tratada, segundo dados do Ministério das Cidades, a meta da prefeitura de Rondonópolis, através da sua empresa de saneamento (Sanear) de levar esse benefício a 100% da populaçao urbana é vista como ousada, além de rara, por instituições que desenvolvem estudos no setor.    Um dos efeitos desse plano arrojado de saneamento é que, por se tratar de um setor que vem sendo alvo de concessões e privatizações, a Sanear, pela sua eficiência a potencial de mercado, vem aguçando o apetite de investidores. Muito embora o prefeito José Carlos do Pátio não demonstre interesse e nem tenha sinalizado em abrir mão da empresa para ser explorada pela iniciativa privada.    “Nosso propósito é o de manter a expansão contínua e a oferta de bons serviços de saneamento básico e água tratada  com tarifas acessíveis à população, seobretudo de baixa renda”, declara o chefe do Executivo de Rondonópolis.   Cenário   Em um cenário onde poucas empresas estatais de saneamento se destacam pela eficiência e fazem investimentos na melhoria e ampliação de seus serviços, a Sanear rondonopolitana pode ser vista  como uma espécie de “joia da coroa” entre essas empresas, principalmente em se tratando de companhias municipais.   Também no âmbito estadual são poucas as empresas do setor que se destacam, pois a maiora delas estão inoperantes devido terem receitas abaixo de suas necessidades e também por ostentar alto endividamento.    As estatais de saneamento básico não têm conseguido gerar receitas nem para cobrir as despesas do dia a dia. Na média, os gastos das companhias, responsáveis por um dos setores com mais deficiências do Brasil, superam em 12% a arrecadação, conforme levantamento feito com dados do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (Snis), do Ministério das Cidades.    O resultado explica parte das dificuldades do país para investir no setor, que precisa de R$ 20 bilhões por ano para universalizar os serviços até 2033. O levantamento reflete uma média nacional, em que as regiões Norte e Nordeste apresentam as maiores carências.    O resultado é compensado, no entanto, por algumas empresas com saúde financeira equilibrada, como a Sabesp (SP), Copasa (MG), Sanepar (PR) e Compesa (PE). E nas esferas municipais,  onde mutas delas já foram privatizadas, o destaque fica também para poucas empresas públicas, entre as quais a Sanear. Uma empresa municipal cobiçada, obviamente, pelo setor privado.   De um total de 27 companhias estaduais, 14 têm insuficiência de caixa - ou seja, as despesas são maiores que a arrecadação. Na opinião de especialistas, esse quadro é reflexo de um problema comum entre estatais, como a má gestão dos ativos e o quadro de funcionários inchado.    Exemplo disso é que há estatais de saneamento no País cujo índice de inadimplência chega a 50%, segundo dados levantados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).    Na prática, isso representa atraso no atendimento das metas de universalização, já que não sobra dinheiro para essas companhias investirem em melhorias ou expansão".    Sem dinheiro em caixa, essas companhias dependem do dinheiro do governo para fechar as contas e investir. Num cenário de crise fiscal, como o atual, a transferência fica mais complicada e, consequentemente, os investimentos são comprometidos. Nos últimos anos, o setor tem recebido metade dos recursos previstos no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).    Para se ter ideia, o Brasil investiu em 2016 R$ 11 bilhões, mas desperdiçou R$ 10 bilhões com perdas de água potável no sistema de distribuição, segundo o Instituto Trata Brasil (que estuda o setor).    O resultado é que 100 milhões de pessoas continuam sem acesso à rede de esgoto e 35 milhões não têm acesso à água potável.    O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (Aesbe), Roberto Tavares, pondera que há muitas empresas estatais saudáveis no setor e que, pela desigualdade do País, há casos mais complexos, como os da região Norte.    Embora não seja estadual, mas sim municipal, uma dessas empresas bem sucedidas é a própria Sanear - "joia da  coroa" do povo de Rondonópolis