Delegado acusado de ser torturador em Colniza já protagonizou outros casos de abuso de autoridade
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16/10/2018 - 15:00
delegado
Redação
Após audiência de custódia realizada nesta terça-feira (16) foi mantida a prisão preventiva do delegado Edison Ricardo Pick e dos investigadores Ricardo Sanches e Woshigton Kester Vieira. Os três policiais foram presos nas primeiras horas da manhã de hoje, em Colniiza (1.065 km a noroeste de Cuiabá) onde estavam lotados e são acusados de tortura, entre outros abusos e arbitrariedades. Os mandados foram cumpridos pela Operação Cruciato deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
O delegado Ricardo Pick está há pouco tempo na Polícia Judiciária Civil (PJC) e ainda não concluiu na carreira o estágio probatório que é de três anos, mas já acumula um histórico conturbado na profissão.
O juiz substituto Ricardo Frazon Menegucci, durante a audiência custódia, manteve a prisão do delegado e dos investigadores e determinou a imediata transferência do trio para o Centro de Custódia da Capital (CCC), em Cuiabá. O magistrado também acatou pedido do Ministério Público Estadual para retirada do sigilo dos autos.
Os fatos que culminaram com a detenção dos policiais são decorrentes de denúncia feita pelo preso Marcelo Wypychovosky que relatou ter sido vítima de agressões, o que foi confirmado por sua companheira que na época também foi presa.
“Como se vê, dessume-se dos elementos de convicão coligidos aos autos a prova de materialidade delitiva e os indícios de autoria de três crimes de tortura. Enfatize-se que a representação ministerial não está apenas fundamentada em declarações dos ofendidos e seus respectivos familiares, instruindo o parquet (Ministério Público) o pedido, também com oitivas de servidores públicos, perícias médicas e fotografias”, consta na decisão.
O juiz ressalta que a manutenção da prisão do delegado e dos investigadors é necessária para garantia da ordem pública e evitar a reiteração delitiva uma vez que aparentemente não se trata de um fato isolado.
“Com efeito, a prática de tortura deu-se, em tese, em três oportunidades, inclusive conforme o Ministério Público, repetindo-se o modus operandi em duas das ocasiões - uso de sacola para asfixiar o ofendido”.
O magistrado afirma ainda que a prisão preventiva dos policiais visa garantir a integridade física das vítimas e seus familiares. Afinal segundo os depoimentos destes, haveriam represálias acaso as supostas torturas viessem à tona”, consta na decisão na qual o juiz enfatiza que os depoimentos das vítimas permitem concluir que em liberdade o delegado e os investigadores podem interferir na prova a ser produzida, por meio de ameaças e uso de influência decorrente do cargo.
MAIS ABUSOS
Um outro caso polêmico protagonizado pelo deegao ocorreu em agosto deste ano. É referente à ordem de prisão dada por ele a um médico em Colniza que se recusou a fazer um exame de necropsia por falta de materiais e insumos. A prisão foi classificada como "absurda" e o delegado acusado de abuso de autoridade.
Ministério Público
Ao pedir a prisão dos policiais, o Ministério Público sustentou que eles “praticam sistematicamente tortura contra pessoas alvo de diligências policiais. Nos autos, o MPE descreve suspotos atentados contra 3 vítimas e destaca que na época dos fatos uma dera era adolescente. Conforme o Ministério Público, os fatos ocorreram em 31 de janeiro e também nos dias 7 e 8 de maio deste ano
Significado
O nome da operação é em referência ao feitiço Cruciatus, da saga Harry Potter, de J.K. Rowling. Nos livros, o cruciatus é um dos três feitiços tido como imperdoáveis no mundo bruxo, ferramenta utilizada pelo antagonista Lord Voldemort durante o tempo em que controlou o mundo bruxo para obter informações de seus inimigos, os deixando loucos após negar suas súplicas de piedade e morte.