O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Max Russi (PSB), criticou a forma como a vereadora Maysa Leão (Republicanos) conduziu uma audiência pública na Câmara de Cuiabá em que uma adolescente de 16 anos relatou ter sido vítima de estupro. Para o parlamentar, a forma de exposição configurou um “segundo abuso” contra a jovem.

Durante a sessão legislativa desta quarta-feira (27), Russi afirmou que a condução do caso ultrapassou limites éticos e deve servir de alerta aos legisladores. “A exposição de uma menina que infelizmente foi violentamente abusada se transforma em um segundo abuso quando trabalhamos a imagem dessa criança. Isso precisa servir de alerta para todos nós, deputados, e também para as Câmaras de Vereadores”, declarou.

A fala repercutiu após a sessão em que a adolescente denunciou na tribuna da Câmara ter sido violentada pelo pai, pelo tio e pelo padrasto, durante audiência realizada no último dia 20. O vídeo oficial chegou a ser publicado no canal do Legislativo no YouTube, mas foi retirado posteriormente para preservar a identidade da jovem.

Maysa Leão justificou que a adolescente estava acompanhada de uma psicóloga e que havia autorização do responsável legal para o depoimento. Ainda assim, a iniciativa foi alvo de críticas pelo risco de revitimização e pela violação de garantias previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que assegura o direito à dignidade, ao respeito e à preservação da imagem de menores de 18 anos.

Russi acrescentou que a Assembleia vai acompanhar o caso e defendeu que os legisladores tenham mais responsabilidade ao tratar de situações tão delicadas. “Esse episódio nos preocupa bastante e deve ser um alerta aos vereadores de todo o estado de Mato Grosso”, completou.