Zanin mantém preso ex-PM acusado de esconder celular de lobista investigado por venda de sentenças

Zanin mantém preso ex-PM acusado de esconder celular de lobista investigado por venda de sentenças João Aguiar

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu em preventiva a prisão em flagrante do policial militar aposentado Dejair Silvestre dos Santos, detido na última sexta-feira (3) em Primavera do Leste, a 230 km de Cuiabá. A decisão, proferida nesta segunda-feira (6), mantém o ex-sargento preso por suspeita de obstruir as investigações sobre o esquema de venda de sentenças judiciais.

Dejair atuava como segurança do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado pela Polícia Federal como peça-chave na intermediação de decisões judiciais em troca de dinheiro. Durante a operação, o ex-PM foi flagrado tentando esconder o celular do patrão, o que motivou sua prisão em flagrante.

A defesa do policial, representada pelo advogado Lucas Curvo Figueiredo, afirmou que o processo tramita sob segredo de Justiça e, por isso, não há detalhes públicos sobre as acusações. Em nota, o defensor declarou que “respeita a decisão, mas dela discorda”, e informou que vai recorrer da medida.

Segundo ele, o investigado nega a prática de obstrução e permanece à disposição da Justiça, confiando no pleno esclarecimento dos fatos e na integridade de suas garantias constitucionais.

Na mesma decisão, o ministro Zanin determinou que o ex-PM seja mantido em local compatível com sua condição de policial aposentado.

Ligação com o lobista

O mandado de busca e apreensão foi expedido após o STF identificar indícios de que Andreson Gonçalves descumpria as medidas cautelares impostas, mesmo em prisão domiciliar. O lobista foi preso em novembro de 2024 na Operação Sisamnes, da Polícia Federal, que apura um suposto esquema de comércio de sentenças envolvendo diferentes esferas do Judiciário.

Em julho deste ano, o STF autorizou a prisão domiciliar de Andreson após ele apresentar um quadro clínico debilitado, com perda de mais de 20 quilos. Paciente bariátrico, o lobista alegou risco à saúde e necessidade de alimentação especial.

As imagens divulgadas após a decisão mostraram o investigado visivelmente enfraquecido. Mesmo assim, as autoridades sustentam que ele teria continuado a atuar irregularmente, o que levou à nova ofensiva da Polícia Federal e à prisão de seu segurança.

O caso segue sob sigilo judicial no Supremo Tribunal Federal.