SONHO DESFEITO: Invasões em busca do “ouro de tolo” continuam ocorrendo em MT embaladas por informações falsas

Redação   Não é a primeira vez que ocorre em Mato Grosso boatos propalados como rastilho de pólvora e motivaram desempregados e pessoas ávidas por riqueza fácil e rápida a invadirem e depredar áreas em busca de jazidas de diamantes ou ouro. A propalação dessas informações reluzentes, mas falsas como uma "pedra de plastico", tem levado os que acreditam nelas à frustrações e desencantos, além de danos ao meio ambiente provocados por essas invasões, sem falar nos ônus financeiros, materiais e administrativos causados aos órgaõs ambientais, judiciários e policiais para fazer a desobstrução dessas áreas e o despejo dos ocupantes ilegais.Antes, o deslocamento de contigentes expressivos de aventureiros e sonhadores atrás de jazidas era impulsionado pelo ”boca a boca e o ouvi dizer”, diferente de agora com as plataformas digitais da internet e o fenômeno das “fake news” – notícias falsas que são absorvidas instantaneamente por milhares, quiçá milhões, de incautos e desinformados, via de regra, sem a devida checagem sobre a veracidade das fontes.Outro dano grave dessas invasões por hordas de pessoas descapitalizadas e sem conhecimento técnico e equipamentos para fazer a mineração de acordo com regras vigentes que preveem impactos mínimos sobre o solo e a água desses locais, ao contrário da buraqueira desordenada e acampamentos improvisados que costumam se estabelecer nesses “garimpos” surgidos de uma hora para outrra, sem planejaento, autorização ou respeito à fiscalização e leis do setor. E nos quais a incidência de vários tipos de crimes, além dos ambientais, costumam avolumar.É nesse mesmo contexto de sonhos desfeitos embalados por propagação inverídica emultiplicada pela velocidade das redes sociais, ocorreu a mais recente dessas corridas pelo ouro, e neste caso específico foi em Aripuanã (a 976 km de Cuiabá). Ao contrário das imagens, textos e áudios que circularam entre os garimpeiros, a área que foi invadida não possui vocação para exploração na superfície, uma vez que os minérios que foram encontrados em pesquisas na região estão em uma profundidade 400 metros, o que equivale a um prédio de cerca de 133 andares.Consequência   O fato provocou reunião de epresentantes das forças de segurança estadual, federal, Departamento Nacional de Mineração (DNPM) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) , para tratar sobre as condições do garimpo ilegal. Os profissionais identificaram, por exemplo, que imagens que mostravam grandes pepitas de ouro não são da região.“A extração do minério na região demanda grande investimento de recursos financeiros, já que são necessários equipamentos específicos para extrair o minério”, esclarece o superintendente do DNPM, Serafim Carvalho. Ele explica ainda que o minério é um bem da União e por isso é necessária a autorização de lavra do órgão, além de outros documentos como o licenciamento ambiental.O deslocamento de pessoas até a região teve início em setembro, quando iniciou a veiculação de informações anunciando falsamente uma nova “Serra Pelada”, em alusão ao maior garimpo a céu aberto do mundo. Imediatamente, a Sesp reforçou o efetivo da Polícia Militar na cidade e solicitou apoio dos órgãos federais, por se tratar de um crime de responsabilidade da União.“Nosso trabalho visa garantir a ordem no local, mas estamos buscando uma solução definitiva para a região”, disse o secretário de estado de segurança pública, Gustavo Garcia. Os órgãos irão atuar em conjunto para realizar a retirada das pessoas do local, identificação e responsabilização civil, criminal e ambiental dos infratores, além de estabelecer planos para recuperação da área degradada.Participaram do encontro profissionais da Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Politec, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal e Departamento Nacional de Produção Mineral Agência Nacional de Mineração (DNPM-ANM)