Mauro Mendes fala em reduzir gastos com custeio, mas impulsiona despesas com dois expedientes do funcionalismo

Redação   Bastante vago nos esclarecimentos sobre sua execução, o decreto  de “Calamidade Financeira” baixado pelo governador Mauro Mendes (Dem) é o tipo de providência fadada a ficar mais no “terreno das boas intenções” que ter grandes efeitos práticos. O decreto fala sobre cortes genéricos de gastos, mas não detalha, na prática,  a forma como essas reduções ocorrerão. E os mecanismos para fiscalizar e medir resultados econômicos.A medida apenas elenca que a redução nas despesas – muitas de díficil controle, como energia , água e telefone – serão normatizadas por cada setor governamental.Nesse contexto de reduzir esse tipo de custeio no qual ainda pode-se adicionar o tradicional “cafezinho” nas repartições, além do consumo de papel higiênico e material de limpeza, há um contraste na iniciativa do governo e que, ao contrário de diminuir, implica no aumento de mais despesas.Trata-se do fato que, ao invés de continuar adotando, como já vinha sendo feito, apenas um expediente de 6 horas corridas, na parte da tarde,  Mauro Mendes determinou que o funcionalismo voltasse a trabalhar em dois períodos (manhã e tarde), passando a uma carga horária de 8 horas.   Sem falar que a medida não deixa de causar transtornos nos hábitos e rotinas diárias das pessoas que trabalham no serviço público e já estavam acostumadas ao expediente corrido em só turno.Obviamente, não é preciso ser nenhum especialista para chegar a conclusão que o aumento nessa carga horária – e que nem sempre representa melhoria nos serviços prestados à população – significa mais despesas com insumos como energia elétrica, água, telefonemas, entre outros.   A incoerência entre falar em redução de gastos e aumentar a carga horária fica visível quando se compara que só os gastos com energia nos órgãos governamentais quase dobram com o aumento de ar-condicionados ligados - aparelhos que consomem grande demanda de força elétrica.   AcertosJá no tocante a outras iniciativas do governador no sentido de cortar o excesso de cargos de confiança (os chamados DAS), eliminando dezenas de secretarias adjuntas e centenas de outros cargos, além de propor à Assembleia Legislativa a aprovação de projeto que extingue várias secretarias de Estado, Mauro Mendes acertou em cheio.Inclusive, caso essa iniciativa de reduzir o tamanho da máquina governamental tivesse sido tomada há mais tempo, em gestões passadas, possivelmente Mato Grosso não teria chegado a atual situação de déficit entre sua arrecadação e o que gasta para manter uma estrutura “inchada”.