Pauta de transformar reservas indígenas em “áreas do agronegócio” faz com que Blairo Maggi “cole” em staff bolsonarista

Pauta de transformar reservas indígenas em “áreas do agronegócio” faz com que Blairo Maggi “cole” em staff bolsonarista blairo33
Redação   O ex-ministro da Agricultura de Michel Temer, ex-senador Blairo Maggi (PP) participa, juntamente com membros destacados do governo de Jair Bolsonaro e a cúpula do agronegócios de uma festividade comemorativa da ocupação de áreas de reservas indígenas para atividades do agronegócio. A inserção dessas terras, através de arrendamento a fazendeiros ou plantadas em alta escala pelos próprios índios é um assunto polemico, com muitos prós e contras. Os contrários a esse tipo de exploração empresarial acham que os indígenas se ficarem apenas no plantio de subsistência de alimentos e no extrativismo preservam sua cultura e ajudam na preservação do meio ambiente.  De outro lado, depois da vitória de Jair Bolsonaro, cresceu os setores que pensam igual ao governo,  a respeito do tema, e defendem que os índios devem ser estimulados a aderir ao mercado e ao sistema produtivo agropecuário.A Fundação Nacional do Índio (Funai) informa que comemora a "Festa da Colheita" de grãos em Mato Grosso com a cúpula do agronegócio. No evento, além de ministros de Bolsonaro, o destaque é a presença do ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi, que sinaliza estar bem próximo do  atual grupo que está no poder.  No passado, Maggi também era bastante ligado ao ex-presidente Lula e, ultimamente, virou homem de confiança de Michel Temer. O festejo, previsto para receber diversas autoridades e cerca de 400 pessoas, foi batizado de "1º Encontro do Grupo de Agricultores Indígenas". Nesta quarta-feira, 13, o encontro, que começou no dia 11, prevê a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Estão confirmados ainda o governador de MT, Mauro Mendes, e o diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Fernando Melo, além do ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que também é produtor de soja no Estado. Representantes da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também comparecerão. A cúpula do agronegócio vai conhecer "o plantio de 2 mil hectares de soja biológica" em terras indígenas, uma situação controversa e que ainda é alvo de diversos questionamentos jurídicos. O governo quer expandir em diversas terras indígenas do País o modelo adotado na terra Utiariti, do povo Paresi, em Mato Grosso. "Durante esses dias, lideranças indígenas estão reunidas na elaboração de um documento com reivindicações, como a criação de um Centro de Capacitação, que será entregue aos ministros e ao diretor da Funai", informou a fundação. Cerca de 2 mil indígenas cultivam soja, milho, mandioca, abóbora, batata, batata-doce e feijão, entre outras culturas. Na safra 2018/2019, segundo a Funai, foram plantados no município de Campo Novo do Parecis 8,7 mil hectares de soja, 1 mil de milho e 300 de arroz. "Para a safrinha deste ano, a previsão de plantação é de 7,7 mil hectares de milho convencional, 6 mil hectares de feijão, 1,4 mil hectares de girassol e 500 hectares de milho branco, totalizando 15,6 mil hectares", informou a autarquia. O presidente da Funai, Franklimberg Ribeiro de Freitas, diz que "os indígenas têm o direito de escolher seu modelo de desenvolvimento econômico". A proibição legal de se explorar terras indígenas demarcadas não tem impedido que produtores fechem acordos com aldeias espalhadas por todo o País, avançando com o plantio de grãos e criação de gado sobre essas terras. Segundo dados fornecidos pela Funai por meio da Lei de Acesso à Informação, atualmente, 22 terras indígenas do País possuem áreas arrendadas para produtores. As negociações clandestinas entre produtores e indígenas incluem desde o pagamento de mensalidades para os índios até a divisão da produção colhida ou vendida. Nessas 22 terras, mais de 48 mil índios convivem hoje com a exploração ilegal do solo. A área total arrendada aos produtores externos chega a 3,1 milhões de hectares, um território equivalente a mais de cinco vezes o tamanho do Distrito Federal.(Com Agência Estado)