Em condição precária, MT-130 vira atoleiro e compromete escoamento de parte da safra
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23/02/2019 - 02:48
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Canal Rural / Luiz Patroni
Entra ano, sai ano e a história se repete. No estado que se orgulha por ser o principal celeiro do país, não são raras as rodovias que não oferecem condições mínimas para o escoamento seguro da produção. Bastam alguns dias a mais de chuvas para que a falta de infraestrutura deixe o cenário caótico. É o caso da MT-130 entre os municípios de Paranatinga e Santiago do Norte, na região sudeste do estado. A estrada, que há mais 30 anos “espera” ser asfaltada, está um verdadeiro lamaçal.
Considerada a principal rota para o transporte dos grãos e do gado produzido em Paranatinga, a MT-130 ainda é caminho de passagem para a produção que vem de outros municípios, como o de Gaúcha do Norte, por exemplo. Por isso, nesta época do ano a movimentação na estrada fica ainda mais intensa e a preocupação com os atoleiros fica ainda maior.
Quem vive na região e depende da MT-130 lamenta o descaso. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Paranatinga, Thomas Paschoal, a pavimentação do trecho de 258 quilômetros da estrada é um sonho antigo na região. Assim como a frustração por não ver a obra sair do papel. “A MT-130 está sempre no esquecimento’’, desabafa Paschoal. Com caminhões atolados há pelo menos 8 dias, ele conta que tem produtor perdendo “a colheita” dentro dos caminhões.
A insatisfação com a falta de investimentos fica ainda maior quando os produtores lembram que o valor pago ao Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação) não é aplicado – da maneira como se esperava – em melhorias de infraestrutura na região. Segundo Paschoal, apenas a soja produzida em Paranatinga garante ao “fundo” mais de 20 milhões de Reais por ano. Isso sem considerar o valor arrecadado sobre a produção de algodão, gado e – a partir deste ano – também sobre o milho.
Para ter uma ideia, o valor que deve ser passado à associação responsável pela manutenção da estrada (formada principalmente por produtores rurais da região) deve girar em torno de 60 mil Reais por mês. O equivalente a apenas um terço da quantia que era repassada no ano passado – e que, ainda assim – teria sido insuficiente para cobrir as despesas. Além deste recurso, a associação também recebe do governo parte do óleo diesel necessário para tocar o maquinário utilizado na manutenção da estrada. Esse volume também deve ficar menor, segundo Paschoal. Para este ano, a previsão é receber cerca de 20 mil litros por mês, contra 35 mil mensais no ano passado.
De acordo com a Secretária Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), a manutenção das estradas no estado é prioridade da pasta. Entretanto, desde que o governo do Estado decretou situação de calamidade financiaria (em janeiro), os recursos estão contingenciados. A previsão é que os investimentos em infraestrutura só tenham início em meados de março, com recursos direcionados para uma espécie de lista “prioritária”, que ainda não foi divulgada.
Além da MT-130, os produtores de Paranatinga e região também relatam problemas com outras estradas da região. Entre elas, a MT-020, a MT-240 e a MT-338. Confira mais detalhes na sequência da entrevista com o presidente do Sindicato Rural de Paranatinga, Thomas Paschoal.