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Vídeo obsceno postado por Bolsonaro induz a se pensar que um ato isolado represente o carnaval repercute na mídia internacional; tuite do presidente expõe de forma negativa a festa brasileira
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06/03/2019 - 15:33
tuite
Redação
Entre as milhares de manifestações de contrariedade com a postagem do presidente Jair Bolsonaro numa rede social, cujo conteúdo ao focar um fato lamentável de pornografia explícita em um bloco serviu de pretexto para o presidente denegrir a imagem do carnaval, está a do carnavalesco Leandro Vieira, da Mangueira, escola campeã do carnaval carioca deste ano.
"Essa festa aqui é um recado político para o presidente. Carnaval não é 'putaria' como que ele quis mostrar para o mundo inteiro. O Carnaval é uma festa, uma festa de gente preta, de resistência".Neste ano, a Estação Primeira de Mangueira recontou a História do Brasil por meio de heróis negros e índios. Também homenageou a vereadora assassinada Marielle Franco, com o samba-enredo "História Para Ninar Gente Grande". "Esse enredo nos representou muito bem. Somos milhares de Marielles e Dandaras nas comunidades do Brasil", disse Maria Catarina, uma das coordenadoras da Ala da Comunidade. Selma Santos, outra coordenadora da Ala da Comunidade, afirmou: "Agora o poder público terá de olhar mais para as mulheres e para as comunidades. Somos esquecidos".
Considerada a maior festividade do mundo no gênero, o carnaval e suas alegorias, via de regra, registra fatos históricos e mostra o espírito criativo, irreverente e alegre do povo brasileiro. Além de constituir um atrativo turístico para o país, movimentando a economia desse setor durante o período carnavalesco.O registro de obscenidades não é uma característica do carnaval brasileiro, mas corre o risco de passar a ser visto como sua “marca” principal, a partir do momento que a maior autoridade do país, o presidente da República, que pelas suas relevantes funções deveria ajudar a preservar esse que é um dos patrimônios culturais da nação, faz uma postagem em sua conta no twitter mostrando uma cena – sem dizer o local em que ocorreu – com dois homens praticando ato obsceno...
Em tempo: Na postagem consta uma foto de dois homens praticando atos pornográficos e indecentes mas não dá para identificar claramente se eles estavam participando como integrantes de algum desfile de carnaval ou se conseguiram se infiltrar no evento com o propósito de escandalizar o público. De qualquer modo, o post de Bolsonaro deu dimensão internacional a um caso de atentado ao pudor, lamentável é verdade, mas que poderia ficar isolado em um contexto menor.
Como era de se esperar, a atitude do presidente da República virou alvo de repúdio e críticas nas redes sociais e o assunto – negativo para a imagem do Brasil (e não apenas do carnaval) ganhou as manchetes da Imprensa internacional.Veículos estrangeiros estão repercutindo o polêmico tuíte do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com vídeo no qual dois homens aparecem em atos obscenos diante de uma multidão. O vídeo, publicado no Twitter de Bolsonaro nesta terça-feira, dia 5, é definido pelo jornal americano The New York Times. O jornal norte-americano ressalta que o post tinha o objetivo de criticar o carnaval e que "muitos conservadores da maior nação latino-americana detestam" as festividades da época, vistas por eles como "pagãs". Publicações britânicas, os jornais Daily Mail, The Independent e Daily Mirror enfatizaram o aspecto explícito do vídeo, no qual um homem aparece urinando no cabelo de outro. O Daily Mail lembrou que Bolsonaro foi alvo de protestos e zombaria de muitos foliões durante os blocos de carnaval, e citou o boneco gigante presente nos desfiles do carnaval de rua de Olinda (PE). O The Independent mencionou a sequência dada à polêmica pelo próprio presidente ao publicar outro tuíte. "O que é golden shower?", escreveu Bolsonaro. Segundo o jornal, "os brasileiros rapidamente condenaram o tuíte de Bolsonaro como algo que não representa o carnaval" e ressaltou que usuários do Twitter têm reportado o vídeo como sendo de conteúdo inapropriado. Para o jornal Daily Mirror, que publicou o vídeo em destaque na reportagem, Bolsonaro se destaca por sua reputação "racista, sexista e homofóbica". O veículo inglês relembrou outros momentos polêmicos de Bolsonaro quando o agora presidente ainda era deputado federal, como quando disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que não a estupraria por falta de mérito da parlamentar e de uma entrevista dada à revista Playboy em 2011 na qual Bolsonaro se disse "incapaz de amar um filho homossexual". Além dos jornais, grandes agências internacionais como Reuters e Associated Press também publicaram textos a respeito do tuíte do presidente brasileiro.
Brasil
Já no Brasil, logo após o tuíte, muitos internautas pediram que o conteúdo fosse denunciado à rede social como impróprio. Na postagem, o presidente afirma que "é isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro". Na postagem feita por Bolsonaro não está identificado onde se deu o ocorrido.Entre os tuítes com a hashtag #ImpeachmentBolsonaro, são feitos pedidos de exame psiquiátrico para o presidente, além de acusações de quebra de decoro. "Bolsonaro é um sujeito vulgar e sem ética que não vê problema em expor um vídeo de pornografia no seu perfil oficial do Twitter. É um vigarista charlatão e, acima de tudo, um despreparado para o cargo que ocupa", escreveu um usuário da rede.Do outro lado, as postagens com #BolsonaroTemRazão apontam que o presidente estava apenas fazendo uma denúncia. "Fazer pornografia em área pública na frente de família e criança não tem problema. O problema é o Bolsonaro postar. A que nível chegou esse pessoal...", tuitou outra usuária.