NÓ SEM FIM: Crise na Santa Casa é falta de gestão da entidade ou por atrasos de repasses ? Ou as duas coisas juntas?

NÓ SEM FIM: Crise na Santa Casa é  falta de gestão da entidade ou por atrasos de repasses ?  Ou as duas coisas juntas? santa casa
RedaçãoA Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá enfrenta mais uma de suas sucessivas crises, aliás, rotineiras nos últimos anos e que paraliza atendimentos médicos e hospitalares, aumentando ainda mais o quadro já caótico da saúde pública da Capital.Sindicalistas do segmento de saúde já apontaram que os atrasos salariais, por exemplo, de servidores da  Santa Casa deve-se a uma suposta falta de planejamento e gestão da diretoria daquela entidade.Também, do lado dos governantes – leia-se: prefeitura de Cuiabá e Governo do Estado – não faltam vozes que entendem que a direção do hospital se assemelha a um “saco sem fundo”, o que provoca cobranças por mais repasses e quando são feitos, logo a instituição volta a entrar em crise e provoca colápso no seu serviço.   Nessa linha, o governador Mauro Mendes, ainda nesta semana, disse que a questão de passar dinheiro para a Santa Casa precisa ser vista com “cuidado” – no que, obviamente, demonstrou preocupação com a aplicação eficaz dessas verbas por parte da entidade hospitalar.As frequentes crises na instituição levaram inclusive a Câmara de Vereadores da Capital a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que atua para deslindar um emaranhado de problemas e lados conflitantes para ver se consegue diagnosticar quem realmente é culpado pela instabilidade financeira permanente da Santa Casa: se são seus gestores, que supostamente não primam pela eficiência, ou as instituições governamentais que dão “calote”, deixando de repassar em valores corretos e no tempo hábil os recursos?.De acordo com a instituição, o Estado deve R$ 40 milhões, valores não confirmados pelo governo. Segundo o ex-presidente da Santa Casa de Misericórdia, médico Antônio Preza, parcela desse débito é referente a um acordo firmado em 2015 com o governo.  “Naquela época, o Estado contratou uma empresa que fez duas auditorias nas contas da Santa Casa. Ficou acordado que o governo iria tirar R$ 1,5 milhão do Hospital São Benedito e passar R$ 2,5 milhões para a Santa Casa. Pagou apenas 9 parcelas. O governo deixou de pagar para o São Benedito R$ 36 milhões entre dezembro de 2015 e dezembro de 2018, que deveriam ser entregues para a Santa Casa, mas só repassou R$ 22,5 milhões. Ou seja, o governo lucrou nesse período”, afirmou Preza. Em depoimento à CPI, nesta terça-feira, o ex-presidente da Santa Casa disse que outros R$ 12 milhões seriam parte do recurso de R$ 126 milhões, que a bancada federal mato-grossense conseguiu destinar para o custeio da saúde pública do Estado em 2017. Porém, a informação do médico não bate com a do Ministério da Saúde que confirmou na terça-feira (12) que a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá não poderia receber esse repasse porque já havia extrapolado a quantidade de emendas destinadas para o hospital.  De outro lado,  documento  encaminhado à Câmara de Vreadores pela Secretaria Municipal de Saúde aponta que a Santa Casa teria para com a Prefeitura, uma dívida totalizando R$ 24,8 milhões. Deste montante, R$ 10,5 milhões referentes à cirurgias eletivas não executadas. Outros R$ 2,9 milhões são de Exames de Diagnósticos Eletivos também não executados, e de empréstimo pessoal de ajuda financeira na ordem de R$ 3 milhões, que não foi devolvido. Somam ainda R$ 4, 5 milhões referentes aos leitos de retaguarda e mais R$ 3,3 milhões de emendas pagas sem contrato. Preza afirmou serem mentirosas as acusações da pasta municipal de Saúde. E negou a informação de que a Santa Casa recebeu recursos por serviços não executados. “É mentira a dívida e o que o secretário disse. Os valores são emendas já destinadas para o hospital. Não existe o município cobrar o que já é de direito da Santa Casa”, defendeu Preza. “Cada procedimento feito pelo SUS na Santa Casa passa por pelo menos 3 auditorias do Estado para depois fazer o pagamento dos serviços. Além disso, o recurso só é recebido de forma escalonada”.Em sua otiva na CPI, o veterano médico cuiabano lembrou que quando assumiu comando do hospital o prédio estava  quase em ruínas. “Investimos no centro cirúrgico que se tornou o melhor do Estado, com 10 salas totalmente equipadas”. Sobre as dividas, disse que havia uma folha em atraso e déficit mensais de R$ 1,4 milhão mês. “Conseguimos reduzir para R$ 700 mil/mês”. Conforme Preza, o passivo do hospital, orçado em R$ 75 milhões, poderia ser coberto com o pagamento das emendas e recursos que o Estado prometeu, além da recomposição da tabela do SUS e o equilíbrio entre as consultas particulares, convênios e atendimentos no SUS. Em condições normais a Santa Casa gasta R$ 6 bilhões mês, com um faturamento mensal de R$ 5,3 milhões.