Preocupados que Bolsonaro possa atrapalhar parceria comercial com a China, produtores rurais temem perder vendas para aquele país
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18/03/2019 - 23:39
BOLSONARO15
Por Mário Marques de AlmeidaProdutores rurais de Mato Grosso e do país, cujo segmento votou majoritariamente em Jair Bolsonaro (PSL), temerosos de um eventual isolamento provocado pelo “fantasma” do PT que a eleição do petista Fernando Haddad poderia representar para o país, estão atordoados e, muitos deles, com a sensação que deram um tiro no pé: pois quem está tomando atitudes que podem resultar em uma piora do relacionamento com o maior parceiro comercial do Brasil, que é a China, é justamente Bolsonaro – e levado por um viés puramente ideológico, quando a visão do presidente deveria ser a de ampliar e melhorar o entendimento diplomático e comercial com o gigante asiático. Sem excluir, obviamente, uma aproximação maior com os Estados Unidos, conforme ela já está fazendo. No mundo de economia globalizada, uma coisa não anula a outra.Não se trata de “questionar (ou detestar) a China por ser governada por um regime oposto ao nosso, mas de reconhecer, até porque é verdade, que aquele país é o que mais compra do Brasil em todo o mundo e tem potencial para ampliar o volume das compras”, conforme define Mathias Fernandes de Oliveira, que planta lavoura na região Sul de Mato Grosso. Ele se confessou eleitor de Geraldo Alckmin, do PSDB, mas quando percebeu que o tucano não iria emplacar e com medo da vitória do PT, votou em Jair Bolsonaro. “Votei e trabalhei para virar muitos votos que poderiam ir para outras candidaturas”, declara.“Bolsonaro precisa se preocupar mais com o seu governo do que com as formas de governar, seja de esquerda, centro ou direita, de outras nações”, resumiu.Assim como ele, no segmento do chamado agronegócio paira esse tipo de preocupação quanto à possibilidade do presidente brasileiro, que não esconde sua admiração por Trump, possa desagradar os chineses. Um país que tem um imenso mercado consumidor – o maior do planeta - difícil de conquistar, mas que pode ser fácil de perder.Nesse terreno delicado das relações internacionais, Bolsonaro fica entre duas correntes, a representada por membros de seu staff com tendência pragmática, e a que é defendida pelo guru da extrema-direita brasileira, o escritor Olavo de Carvalho, que reside nos Estados Unidos há décadas e devota verdadeiro ódio a tudo que não represente o modelo norte-americano. Essa corrente “olavista” é apoiada, basicamente, pelos filhos de Jair Bolsonaro e seus seguidores.Enquanto o setor mais pragmático, que também deseja estreitar relações com os Estados Unidos sem que isso represente um atrelamento automático aos interesses do presidente Trump, é capitaneado pelo general Mourão, vice-presidente da República.Por essa postura mais liberal, Mourão vem sendo “trucidado” nas redes sociais por Olavo de Carvalho que em seus posts, chama o vice-presidente de “idiota” e o acusa de trair Jair Bolsonaro e os “ideais bolsonaristas”. Mourão não passa recibo aos ataques de Carvalho, se negando a responder as provocações.