CAPITALISMO NATIVO: Bolsonaro recebe índios “sojicultores “ de MT e diz que ONGS são “picaretas” e inimigas dos povos indígenas
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17/04/2019 - 21:33
pareci
Redação
Uma delegação de índios Parecis, que habitam a região Oeste de Mato Grosso, no entorno dos municípios de Campo Novo e Sapezal, foram recebidos nesta quarta-feira (17) pelo presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
Os Parecis semearam 3,5 mil hectares de milho, que se somam a 10 mil hectares de soja e 4,5 mil hectares de feijão que foram plantados anteriormente.
As terras, propícias à agricultura, são cultivadas pelos próprios indígenas, que utilizam maquinários de última geração e o sistema de plantio direto para realizar seus trabalhos. Anteriormente, eram feitas parcerias com produtores rurais. Agora, esse trabalho é desenvolvido por conta própria.
A reserva Pareci, que possui 1,5 milhão de hectares de área, quase toda preservada, dedica 1,7% do total à agricultura, o que seus integrantes veem como uma solução para gerar renda para a comunidade, com várias famílias sendo beneficiadas.
O modelo de exploração de suas terras adotado pela etnia que habita território mato-grossense é exaltado pelo atual governo federal como uma experiência a ser levada a outras tirbos brasileiras.
No encontro, Bolsonaro ameaçou promover demissões na Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele pregou que o órgão siga decisões dos índios. "O povo indígena é que diz o que a Funai vai fazer, senão corto diretoria da Funai", disse o presidente.
Apesar de ter enumerado críticas à legislação ambiental e defendido a liberação do garimpo em terras indígenas, o presidente afirmou que as áreas já demarcadas devem ser respeitadas: "Terra demarcada, terra respeitada, sem problema nenhum".
No encontro, que reuniu índios de diferentes etnias, entre elas os povos Yanomami e Parecí, Bolsonaro afirmou que deseja libertar os índios da escravidão. "Se Deus quiser, nós vamos tirar os índios da escravidão", disse o presidente, durante a transmissão ao vivo, pelas redes sociais, do encontro com os índios.
O presidente classificou a reunião como um ponto de inflexão para "acabar com a demagogia". O encontro ocorreu uma semana antes de a capital federal sediar a maior mobilização indígena do País, o acampamento Terra Livre, promovido anualmente pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que faz críticas ao governo.
Os representantes de povos indígenas das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste levados ao encontro no palácio foram ciceroneados pelo secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, o ruralista Nabhan Garcia.
Bolsonaro ouviu relatos dos representantes indígenas e classificou as Organizações Não-Governamentais (ONGs) internacionais como "inimigas".
O presidente afirmou que as ONGs são "picaretas" e que também há servidores "picaretas" dentro do governo federal.
"Tem brasileiro mau caráter infiltrado em várias instituições", declarou Bolsonaro. "Todas as ONGs que trabalham contra vocês (índios) são nossos inimigos."