Cabo da PM agora acusa membros do MPE e do Judiciário de suposto envolvimento no esquema de escutas ilegais

Cabo da PM agora acusa membros do MPE e do Judiciário de suposto envolvimento no esquema de escutas ilegais cabo gerson
Redação   Depois de terem seus pedidos de delação premiada negados pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco Criminal), órgão do Ministério Público Estadual (MPE), dois coronéis e um cabo da Polícia Militar de Mato Grosso envolvidos no esquema de escutas ilegais serão reinterrrogados pela 11ª Vara Criminal Militar da Capital nesta terça-feira (16) no âmbito da ação penal que tramita na Justiça Militar.Serão ouvidos novamente os coronéis Evandro Lesco e Zaqueu Barbosa, além do cabo Gerson Corrêa Junior. A oitiva do cabo é a que desperta mais expectativa e curiosidade pelo fato que ele era o operador das escutas, encarregado de manusear os equipamentos de áúdio e gravação, supostamente a mando de superiores.Gerson agora acusa que do esquema da “Grampolândia Pantaneira”, como ficou conhecida as interceptações  clandestinas, fariam parte como mandantes, além de autoridades do Poder Executivo, também membros do MPE (Ministério Público Estadual) e do Judiciário.O procurador Domingos Sávio de Barros Arruda, responsável pelo Naco alega que as delações foram negadas devido ao fato de nenhum dos investigados terem apresentado fatos novos.“Se não for trazer informações novas, com o mínimo de prova, fica muito fácil para o criminoso... se fosse assim seria uma desmoralização da Justiça penal”, afirma.O que é negado em procedimento interposto pela defesa do cabo Gerson junto ao Ministério Público, onde foi solicitada a realização do acordo. Na petição, o militar relata nove fatos que, segundo ele, apontam a participação de membros do órgão no esquema de interceptações telefônicas ilegais.Dentre os elementos apresentados por Gerson está o suposto envolvimento dos promotores Marco Aurélio de Castro e Samuel Frugilo no esquema da Grampolândia Pantaneira.Conforme o cabo, o número do telefone da deputada Janaina Riva (MDB) foi interceptado por meio de "barriga de aluguel" na Operação Metastase, deflagrada em 2015, a pedido dos membros do Ministério Público.O PM afirma que, a intenção dos promotores era averiguar se a parlamentar estava dando continuidade nos esquemas operados por seu pai, o ex-deputado José Riva, no âmbito da Assembleia Legislativa.Além disso, Gerson ainda descreveu a existência de uma suposta “manipulação seletiva de áudios e vídeos” em operações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), bem como omissão de resultados de auditoria do sistema Guardião, o qual é utilizado pelo Ministério Público para realização de interceptações telefônicas no âmbito de investigações do órgão.O cabo PM também aponta uma suposta “verba secreta” que teria beneficiado o Gaeco. Além destes fatos, Gerson Correa relata a existência de um suposto conluio entre promotores e procuradores de Justiça, e juízes do Poder Judiciário Estadual, em escutas ilegais realizadas nas operações “Metástase”, “Arqueiro” e “Ouro de Tolo”.O integrante da PM de Mato Grosso afirma que não revelou esses fatos durante a instrução processual da ação penal que tramita na 11ª Vara Criminal de Cuiabá, “por receio de morte como retaliações funcionais”.No despacho em que nega o pedido de delação, o procurador Domingos Sávio afirma que o cabo não trouxe informações, e ainda aponta uma série de contradições“Diante disso pergunta-se: como celebrar um negócio jurídico com o requerente se, ao final e ao cabo, os elementos por ele trazidos não terão resultado útil algum em eventual Ação Penal? Por que seria interessante ao Ministério Público concordar com a concessão de um benefício ao delator, prestes a ser condenado, em vista do pouco - e inverossímil - que por ele é oferecido?”, questionou o procurador.COMO FUNCUIONAVAO esquema conhecido comó “grampolândia pantaneira” funcionava por meio da chamada “barriga de aluguel”, quando números de pessoas que não têm qualquer relação com investigações policiais são inseridos de maneira ilegal.Neste processo, além de Gerson também são réus o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa; os coronéis Evandro Alexandre Lesco e Ronelson Barros, ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar, respectivamente; o coronel Januário Batista; e o cabo Gérson Correa Júnior.