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Lavagem de dinheiro da Odebrecht através de esquema de fábrica de cerveja em Rondonópolis “irrigou” campanhas em MT
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02/08/2019 - 08:11
Odebrecht
RedaçãoInvestigações apontam que a unidade fabril do Grupo Petrópolis (fabricante da Itaipava, entre outras marcas de cervejas), em Rondonópolis, tenha sido bancada pela Construtora Odebrecht. A indústria é apenas uma entre várias do grupo cervejeiro que receberam aportes em obras executadas pela construtora.A construção da fábrica seria em pagamento pelos “serviços” do Grupo Petrópolis, comandado pelo empresário Walter Faria, na lavagem de dinheiro para pagamento de propinas pela Odebrecht paa políticos.A triangulação entre as duas empresas visaria dissimular os subornos à autoridades repassados pela Odbrecht como se fossem doações legais de campanha. O esquema usava o Grupo Petrópolis e seu controlador, Walter Farias, como “braços” da corrupção.Inclusive, em campanhas eleitorais em Mato Grosso, em 2014, esse tipo de “donativo” com fachada de legalidade foi feito pela cervejaria Petrópolis, mas a origem dos recursos podem ter sido barganhas ilícitas entre candidatos favorecidos com a construtora.O envolvimento de Walter Faria e outros cinco executivos do grupo Petrópolis na lavagem de dinheiro desviado pela Odebrecht é investigado pela Operação Rock City, 62ª fase da Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal no Paraná, o Grupo disponibilizou pelo menos R$ 208 milhões em espécie à Odebrecht no Brasil entre 2007 e 2011 e repassou R$ 121.581.164,36 em propinas da construtora disfarçadas de doações eleitorais. De acordo com a Procuradoria, Faria, que é alvo de ordem de prisão preventiva decretada pela Justiça Federal do Paraná, "desempenhou substancial papel como grande operador de propina" e, em conjunto com os executivos investigados, atuou "em larga escala na lavagem de centenas de milhões de reais em contas fora do Brasil." A investigação apurou que Faria recebeu, entre março de 2007 a outubro de 2009, US$ 88.420.065 da construtora em uma conta mantida no Antigua Overseas Bank, em Antigua e Barbuda, no nome da Offshore Legacy International Inc.. Já entre agosto de 2011 e outubro de 2014, duas contas mantidas pelo executivo no EFG Bank na Suíça, em nome das offshores Sur trade Corporation S/A, e Somert S/A Montevideo, receberam da Odebrecht, respectivamente, US$ 433.527, e US$ 18.094.153, indicou a Procuradoria. A apuração constatou que, no mesmo período, o grupo Petrópolis disponibilizou pelo menos R$ 208 milhões em espécie à Odebrecht no Brasil, de junho de 2007 a fevereiro de 2011. Além disso, o grupo comandado por Faria, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121.581.164,36. Segundo o MPF, o dono do Grupo Petrópolis teria, em troca de dólares recebidos no exterior e de investimentos realizados em suas empresas, "atuado para gerar dinheiro em espécie para a entrega a agentes no Brasil e entregar propina travestida de doação eleitoral no interesse da Odebrecht". Além disso, Faria teria transferido, no exterior, valores ilícitos recebidos em suas contas para agentes públicos beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras, indica a Procuradoria. O Ministério Público Federal apontou ainda que a Odebrecht realizou operações subfaturadas com o grupo, como a ampliação de fábricas, a compra e venda de ações da empresa Electra Power Geração de Energia S/A, aportes de recursos para investimento em pedreira e contratos de compra, venda e aluguel de equipamentos. Navios-sonda A investigação também identificou que contas bancárias no exterior controladas por Faria foram utilizadas para o pagamento de propina no caso dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000. De acordo com o MPF, entre setembro de 2006 a novembro de 2007, Júlio Gerin de Almeida Camargo e Jorge Antônio da Silva Luz, operadores encarregados de intermediar valores de propina a mando de funcionários públicos e agentes políticos, creditaram US$ 3.433.103,00 em favor das contas bancárias titularizadas pelas offshores Headliner LTD. e Galpert Company S/A, cujo responsável era o controlador do grupo Petrópolis.