Produtor de MT e ministro de Bolsonaro exaltam campanha publicitária da GM criticada por ambientalistas

Redação   Além do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, que elogiou uma propaganda da Cherolet S10, o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Tiago Stefanelli, também enalteceu o conteúdo do vídeo. A posição do ministro e do ruralista mato-grossense ganharam destaque nas mídias sociais neste fim de semana.O texto publicitário é visto como resposta aos questionamentos de pessoas e instituições que são contra o desmatamento.“A propaganda [da S10] é a mais pura verdade. Muitos reclamam do agronegócio, mas somos os que produzimos os alimentos e contribuímos com os impostos, que na maioria das vezes não retornam para nós", diz o produtor rural de Mato Grosso. "Só mostram os louros do setor e não o nosso endividamento e as dificuldades por que passamos, mas mesmo assim levantamos todo dia para trabalhar e produzir." Entre imagens da camionete fabricada pela General Motors (GM), um texto em off afirma que "tem gente que adora reclamar", por exemplo, "reclama que o pasto só aumenta" e "reclama dos transgênicos".No final: "Mas, enquanto eles reclamam, a gente segue em frente. Porque a gente sabe que não dá para ficar chorando leite derramado. Tem é que produzir mais leite, criar mais gado, para continuar botando comida na mesa. E mesmo assim tem aqueles que sempre vão reclamar".No sábado (27), horas antes de a campanha entrar no ar, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, postou e festejou o vídeo, via Twitter: "Recebi essa propaganda, que enaltece o Brasil e espanta o mau humor. Chega de sandália de couro e sunga de crochê... daqui para a frente, só de Chevrolet... kkk".A assessoria de imprensa da GM confirmou que o ministro foi o primeiro a divulgar o comercial, mas falou não saber como o vídeo chegou até ele.Em janeiro, a GM divulgou comunicado a funcionários no Brasil com frases do presidente mundial, Mary Barra, sobre a possibilidade de fechar fábricas na América do Sul porque não conseguiria justificar os prejuízos na região. As declarações geraram estresse entre a montadora e o recém-empossado governo de Jair Bolsonaro (PSL).Na ocasião, era imprevisível o destino de programas de incentivo ao setor, já que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é contrário a subsídios. Carlos da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do ministério, reagiu as declarações da GM dizendo: "Se precisar fechar, fecha".Por telefone, o diretor-executivo de marketing da GM, Hermann Mahnke, defendeu a campanha. "O que a gente fez foi tentar dar voz ao produtor que representa quase um quarto do PIB nacional."Disse que "a repercussão toda foi por um tuíte, só que isso foi totalmente alheio à estratégia" da GM. "A gente não articulou nada disso, foi por livre e espontânea iniciativa do ministro, porque ele gostou da campanha", acrescentou.Entre os especialistas, porém, a abordagem foi considerada arriscada. Eugênio Bucci, professor de ética na ECA-USP, comentou que "seria bom que as marcas que querem ter opinião se lembrassem de que as opiniões têm marcas -e a marca dessa posição que a Chevrolet encampou é antiecológica e intolerante".Acrescentou Bucci, que é também do programa de comunicação do Insper: "Não sei se esse tipo de comercial será bom para a Chevrolet. Sei é que, seguramente, ruim para o ambiente e para o ambiente político no Brasil".