Auditor–fiscal que foi da Receita Federal em MT e era visto como “apadrinhado” por Gilmar Mendes é exonerado do setor de inteligência do órgão

Auditor–fiscal que foi da Receita Federal em MT e era visto como “apadrinhado” por Gilmar Mendes é exonerado do setor de inteligência do órgão RF1
Redação O auditor-fiscal que fez carreira na Receita Federal de Mato Grosso, Ricardo Pereira Feitosa, foi exonerado nesta terça-feira de um dos cargos mais estratégicos do orgão fazendário do país: o de coordenador-geral do serviço de inteligência.A nomeação e ida de Feitosa para um posto importante na cúpula da Receita é vista, no âmbito governamental, como uma indicação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que nega ter sido “padrinho” da promoção do auditor-fiscal para um cargo relevante na esfera nacional da Receita Federal.A chamada Copei (Coordenação Geral de Pesquisa e Investigação) da Receita Federal, um dos setores mais imoportantes de investigação sobre movimentação financeira no Brasil.A Copei é o núcleo de inteligência da Receita, que trabalha sob absoluto sigilo, em busca de indícios de lavagem de dinheiro e operações suspeitas. Nos últimos tempos, atuou nas operações Lava Jato e Calicute.O órgão de informação é um dos braços da Receita mais próximos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.A exoneração do coordenador-geral do setor de inteligência ocorreu antes mesmo do novo secretário da Receita, José Barroso Tostes Neto, assumir o cargo. Ele foi exonerado da função nesta terça-feira, 24, pelo subsecretário-geral da Receita, José de Assis Ferraz Neto. A mudança era uma demanda de integrantes da cúpula da Receita que já pressionavam o então secretário Marcos Cintra para demitir Feitosa desde agosto. A área de inteligência é vista como um setor muito sensível e auditores defendem um perfil técnico para o cargo. "Era indicado pelo Gilmar (ministro do STF Gilmar Mendes), não queremos ninguém com indicação externa, apenas pessoas com perfil técnico", contou uma fonte da Receita. Nomeado coordenador-geral de Pesquisa e Investigação da Receita Federal em maio deste ano, Feitosa seria, segundo fontes, uma indicação do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que foi alvo de investigação interna do Fisco. A informação foi negada pelo ministro do STF, que admitiu apenas conhecer Feitosa de Cuiabá. A expectativa é de que novas mudanças ocorram na Receita e que Tostes faça apenas alterações técnicas e consiga barrar interferências externas. Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que irá fazer uma renovação na Receita e que não quer o órgão envolvido em tumultos políticos. Ele chegou a falar em "caravana da Lava Jato", e citou reclamações de perseguição política da Receita por parte de autoridades do Legislativo e do Judiciário. Antes de assumir a coordenação-geral de Pesquisa e Investigação (Copei), Feitosa era lotado na delegacia da Receita na capital mato-grossense. A Copei é uma das áreas mais poderosas da Receita, responsável pelas principais investigações e canal de interação do Fisco com o Ministério Público nas operações de fiscalização e combate à corrupção. A coordenação teve papel importante nas investigações da Operação Lava Jato. A portaria com o desligamento de Feitosa do cargo está publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira.Com informações da Agência Estado