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APÓS FIM DE GARIMPO: Ameaça de violência leva aparato reforçado de segurança a ficar em Aripuanã
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15/10/2019 - 06:22
CAÓTICO
REDAÇÃOOs índices de criminalidade, principalmente homicídios, que já eram altos em Aripuanã (1.200 quilômetros, ao noroeste de Cuiabá), quando do funcionamento de um garimpo ilegal de ouro, podem aumentar ainda mais após a Polícia Federal e as forças de segurança de Mati Grosso terem desobstruido a atividade mineradora clandestina, na semana passada. O temor das autoridades é que possa haver uma onda de violência em função de inconformismo pela proibição da garimpagem e, diante disso, desenvolvem ações preventivas.A desativação da lavra, que funcionava irregularmenrte e contaminava o solo e as águas com resíduos tóxicos como mercúrio usados na transformação do ouro bruto em metal apto a ser comercializado, gerou revolta e insatisafação na sede do município, levando a que comerciantes fechassem suas portas temerosos de saques e depredações.O ambiente de violência que ainda existe faz com que o aparato reforçado de segurança pública permaneça na localidade por prazo indeterminado..Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontam que, de janeiro a agosto de 2018, Aripuanãteve registro de três homicídios, e no mesmo período de 2019 foram 11 casos. Segundo a Sesp, a atividade de garimpo ilegal é responsável pelo aumento de 367% dos assassinatos na cidade, além do incremento da criminalidade de forma geral.Mesmo distante 14 quilômetros da sede do município, a zona urbana sentiu os reflexos pela vinda de milhares de pessoas para a Serra do Expedito, onde foi criada uma minicidade desorganizada e a atividade ilegal, a partir de outubro de 2018, com cerca de três mil pessoas no local.Antes disso, a atividade era mais discreta, embora ainda que ilegal, com lavra manual. Depois do boom, passou-se a promover a entrada de pessoas com maquinários pesados, causando danos ambiental e social graves. Também nesse período começaram a explodir casos de malária, de crimes, de roubos, homicídios, consumo de drogas, o que foi chamando a atenção.O delegado municipal de Aripuanã, Henrique Espíndola, explica que a subnotificação é muito presente nessas localidades em razão do temor daqueles que lá ficam de serem alvos de represálias em caso de denúncias. Casos de tráfico de drogas, porte e posse ilegal de arma de fogos, menores em casas de prostituição, por exemplo, acabam nem chegando às autoridades competentes.“O garimpo tem uma forma clandestina de organização e propicia que muitos delitos ocorram naquela localidade. Havia comércio de drogas e de produtos furtados e roubados e a dificuldade de deslocamento no local. Com certeza, o aumento dos casos de homicídio tem a ver com garimpo, tanto homicídios, tentativas de homicídios, quanto ameaças, na tentativa de um garimpeiro se sobrepor ao outro, conseguir melhor local para extração”, disse por meio da assessoria de imprensa.O comandante adjunto do Comando Regional 8 (Juína) da Polícia Militar, tenente-coronel PM Alex Fontes Meira e Silva, disse que a preocupação é com a segurança pública em Aripuanã e reforça que o garimpo ilegal trouxe mais violência para o município. “Ficou notório que em Aripuanã a atividade do garimpo trouxe reflexo direto na segurança pública. Posso dizer isso, pois há pouco tempo estava aqui como comandante da companhia de Aripuanã e vi todo esse processo ocorrer. Os índices de roubo aumentaram, ocorrências envolvendo arma de fogo que até então não eram uma realidade para esse município, passaram a ser mais frequentes”.Com o fim da segunda fase da Operação Trype, na quarta-feira (09), após a conclusão da sentença judicial que determinava a cessação do garimpo ilegal e a destruição dos maquinários e das cavas, os policiais vão permanecer na cidade por prazo indeterminado para garantir a ordem pública. Segundo a Sesp, os garimpeiros têm culpado a mineradora pela ação policial e no segundo dia da operação chegaram a protestar em frente à sede da empresa, impedindo a saída dos funcionários e cortaram a energia do prédio.Foi necessária a atuação do delegado da Polícia Federal (PF), Carlos Henrique Dangelo, acompanhado por policiais federais, além de militares da Rotam e do Bope, para negociar com os revoltosos. Ninguém foi preso e até o fim da operação não houve registro de nenhuma ocorrência envolvendo o garimpo.“Já fizemos planejamento para trabalho de varredura e não deixar que nada mais grave aconteça, que a revolta dessas pessoas não chegue a fatos graves. Vamos continuar na cidade até cessar estas ameaças”, garantiu o tenente-coronel PM Alex Meira e Silva. Policiais da Rotam, Força Tática e Grupo de Operações Especiais, além de policias civis e militares da Região Integrada de Segurança Pública (Risp) de Juína vão reforçar o policiamento na região.