CONTRA OU A FAVOR? Maioria de entrevistados em Cuiabá não sabe que nesta quinta-feira o STF pode decidir se mantém ou solta Lula da cadeia

CONTRA OU A FAVOR? Maioria de entrevistados em Cuiabá não sabe que nesta quinta-feira o STF pode decidir se mantém ou solta Lula da cadeia STF
Por Mário Marques de Almeida   A Redação do Página Única fez uma rápida enquete no centro de Cuiabá, na tarde desta quarta-feira (16), e ouviu pelo menos 18 pessoas sobre a opinião delas quanto ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para amanhã (17) e que pode libertar ou não, o ex-presidente Lula e mais uma dúzia de presos na Lava Jato, após condenação em segunda instância.   A grande maioria das pessoas – cerca de 70% - sequer sabiam desse julgamento, considerado um dos mais importantes da história do Judiciário brasileiro, por ser um marco de grande repercussão política e jurídica na trajetória recente do país e cujos desdobramentos ainda carecem de avaliações mais profundas. O que se sabe, por enquanto, é que na hipótése de Lula ser libertado, a decisão terá forte impacto político e social no Brasil, pela relevância do tema.   - Ué!, vai ter esse julgamento, onde mesmo, indagou um taxista com ponto em frente ao Palácio Alencastro. “Se for para soltar o Lula, sou a favor, já cheguei a achar que ele merecia ser preso, mas agora acho que, se ele tem mesmo culpa, já pagou um preço alto”, respondeu.   Um senhor que passava no momento em que o jornalista ouvia o taxista, interveio  na entrevista e disse que “do jeito que está a situação, na época do Lula era melhor”.   “Corria mais dinheiro no comércio e tinha mais emprego”, cita.    “Piorou com a Dilma e ‘lascou’ com o Temer”, concluiu, seguindo em frente. Andou um pouco e voltou para dizer que ainda acredita que Bolsonaro “mostre o que pode fazer pelo Brasil”   Acrescentou: “Votei nele e preciso confiar que não perdi meu voto”.   Já o gerente de uma ótica nas imediações da Praça Alencastro, afirmou que Lula, por ele, “vai apodrecer na cadeia”.   Mesmo sem ser perguntado, o gerente disse que “outro que precisa ir pra cadeia é o filho (sem nominar qual deles) do presidente Jair Bolsonaro, que está atrapalhando o governo do pai dele, um homem que quer consertar a bagunça que o PT deixou”.    Outro entrevistado, sem responder especificamente à pergunta sobre  o que achava se Lula deveria ser solto ou seguir preso, disse que, se fosse permitido, “rasgaria o título de eleitor”.   Resultado da enquete:    Após receberem explicações sobre o teor da enquete,  6 deles disseram ser  favoráveis à libertação de Lula. Outros 5 foram contra e sete afirmaram que não tinham interesse em responder ou precisavam se informar melhor sobre o assunto.   Esclarecimento   A direção deste site e jornal esclarece que, por se tratar de simples consulta feita com um grupo pequeno de pessoas e sem obedecer critérios por faixas de renda, sexo, idade e grau de escolaridade dos entrevistados, sem se ater a metodologia padrão usada em pesquisas, a amostragem não tem base científica para garantir com segurança que o resultado representa o que pensa a população cuiabana sobre o assunto. Entretanto, por se tratar mais de reportagem que propriamente levantamento estatístico, a enquete sinaliza o que pode ser uma tendência.   ENTENDA O JULGAMENTO   Caso o STF (Supremo Tribunal Federal) decida reverter a prisão de condenados em segunda instância e não adote uma solução intermediária, o ex-presidente Lula e ao menos outros 12 presos da Operação Lava Jato no Paraná devem ser beneficiados e deixar a cadeia.   Entre os demais possíveis contemplados do julgamento previsto para ser iniciado na quinta (17) estão o ex-ministro José Dirceu (PT), empreiteiros e condenados por operar dinheiro ilegal em casos da investigação.   Esses 13 alvos aguardaram julgamento fora do regime fechado, mas, com o esgotamento dos recursos na segunda instância, foram detidos.   Essa situação se tornou recorrente a partir de 2017 nos casos anteriormente sob responsabilidade do ex-juiz Sergio Moro com o avanço da tramitação das apelações no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), corte que trata dos recursos da operação em segundo grau.   Lula, por exemplo, foi para a cadeia em abril de 2018 depois que a condenação por corrupção e lavagem no caso tríplex teve recursos negados na corte regional. Envolveu o ex-presidente ainda a última ocasião em que o Supremo se debruçou sobre a questão da prisão de condenados em segunda instância. Nessa vez, a corte negou um habeas corpus preventivo ao petista, dias antes da detenção, no ano passado.   Caso o STF decida por um meio-termo no julgamento, no qual ficaria estabelecido que só réus com condenação confirmada no STJ (Superior Tribunal de Justiça) iriam para a cadeia, Lula continuaria preso, já que a sentença do tríplex já foi analisada por essa corte em abril. Essa tese já foi defendida pelo atual presidente do Supremo, Dias Toffoli, em sessão em 2018.   Outro petista graduado alvo da Lava Jato, José Dirceu, condenado em duas ações penais da operação, voltou para a prisão em maio passado também após o esgotamento de recursos relativos à segunda sentença. Ele ainda recorre em instâncias superiores nesses dois casos. Um dos irmãos do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também cumpre pena em regime fechado após ter sido acusado de auxiliar o grupo comandado por Dirceu.   Outros beneficiários são ligados a casos de etapas antigas da Lava Jato, como ex-executivos da empreiteira Mendes Júnior e Gerson Almada, ex-sócio da Engevix.    Há ainda nomes ligados ao doleiro Alberto Youssef, principal nome da fase número 1 da operação, como Waldomiro de Oliveira e o ex-policial Jayme de Oliveira Filho.    A quantidade de beneficiários vai além dos 13 mencionados que estão em regime fechado, já que quem cumpre pena no semiaberto também pode pleitear a libertação até que todos os recursos se esgotem nas instâncias superiores.   Estão no regime semiaberto, por exemplo, Natalino Bertin, ex-dono do frigorífico Bertin, e os ex-tesoureiros do PT Delúbio Soares e João Vaccari Neto.   O pecuarista José Carlos Bumlai, conhecido por ser amigo de Lula, também já teve condenação confirmada em segunda instância, mas conseguiu o direito de ficar em casa por motivos de saúde.   A eventual reviravolta no Supremo, porém, não atingiria alguns dos mais conhecidos presos da Lava Jato: o ex-governador fluminense Sérgio Cabral e o ex-deputado Eduardo Cunha, ambos do MDB.   Os dois já têm condenações em segunda instância no Paraná, mas continuam também com mandados de prisão preventiva, decretada para evitar, por exemplo, prejuízo a investigações, fugas ou a dissipação de valores com origem em crimes.   Cunha, encarcerado desde 2016, tem ordens de prisão no Distrito Federal e no Rio Grande do Norte.   O número de beneficiados só não é maior porque há dezenas de delatores entre os réus dos casos já julgados em segunda instância. Nesses casos, os colaboradores cumprem as obrigações impostas nos acordos homologados com a Justiça, como prisão domiciliar ou recolhimento noturno, em vez de permanecer na cadeia.   Há ainda outros presos preventivamente por ordem da Vara Federal de Curitiba que não serão afetados seja qual for a decisão do STF sobre a prisão em segunda instância. É o caso do ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ainda não sentenciado no Paraná, embora tenha duas condenações em primeira instância em São Paulo. Ele está preso desde fevereiro. (Felipe Bächtold e Katna Baran/FolhaPress SNG)   Condenados que seriam beneficiados:   - Lula    - José Dirceu (ex-ministro)   - Luiz Eduardo de Oliveira e Silva (irmão de Dirceu)   - Gerson Almada (ex-sócio da Engevix)   - Sérgio Cunha Mendes (ex-vice-presidente da Mendes Júnior)   - Rogério Cunha Oliveira (ex-executivo da Mendes Júnior)   - Alberto Vilaça Gomes (ex-executivo da Mendes Júnior)   - Jayme de Oliveira Filho (ex-policial)   - Enivaldo Quadrado (dono da corretora Bônus Banval)   - Leon Vargas (irmão do ex-deputado André Vargas)   - Fernando Moura (empresário)   - Márcio Bonilho (empresário)   - Waldomiro de Oliveira (ex-auxiliar do doleiro Alberto Youssef)