Análise política da Redação   O novo desenho político que está se formatando na América do Sul contraria frontalmente o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Os sinais mais evidentes dessa mudança ocorre na Argentina, país vizinho do Brasil, com a eleição em primeiro turno de um candidato do setor peronista de esquerda. A Argentina é a segunda maior economia do continente.   Outro país sul-americano, que faz fronteira com o Brasil, a Bolívia, a vitória de Evo Morales, na semana passada, que vai para seu quarto mandato presidencial, está tendo sua legalidade questionada pela OEA – Organização de Estados Americanos -, inclusive pelo Brasil. No entanto. Bolsonaro está mais cauteloso na abordagem dessa questão, talvez, até porque as eleições bolivianas envolvem dois candidatos de esquerda – Morales e Carlos Meza. Enquanto a extrema-direita naquela país, juntamente com a direita tiveram cerca de 10% dos votos. Além de que, sob a gestão de Evo Morales, a Bolívia é o país cuja economia é a que mais cresce na América do Sul: uma média de 5% ao ano. E com Morales, houve uma redução drástica nos alarmantes níveis de miséria e pobreza que assolavam aquele país.   A Argentina foi às urnas neste domingo (27) e elegeu presidente o candidato de esquerda Alberto Fernández, 60 anos, em primeiro turno. Ele venceu o presidente Macri, de direita e aliado do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, considerado de extrema-direita.Com 80% dos votos computados, Fernández, obteve 47,53% dos votos e não podia mais ser alcançado. Ele tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, 66, que comandou o país entre 2007 e 2015. A vitória da chapa de esquerda era esperada desde as eleições primárias, em 11 de agosto, quando superou Mauricio Macri, atual presidente e candidato à reeleição, por 15 pontos percentuais. Para vencer em primeiro turno na Argentina, basta que o primeiro colocado alcance 45% dos votos, ou 40% se a vantagem para o segundo candidato for de pelo menos 10 pontos percentuais.Fernández  X BolsonaroA vitória de Fernández e Kirchner contraria o governo brasileiro, que tem uma agenda econômica  alinhada à de Macri. Ao se eleger presidente da Argentina há quatro anos, Macri prometeu “pobreza zero”. Mas a crise econômica e social naquele país é a pior em uma década.Meia volta volver de JairNa manhã deste domingo (27), Bolsonaro deu uma entrevista em tom mais conciliador, ao afirmar que pretende "ampliar qualquer comércio com a Argentina", e que espera que Fernández não se oponha à abertura comercial desejada pelo governo brasileiro.Alberto Fernández é um aliado da esquerda brasileira. Ele defende que Lula é um preso político e foi visitá-lo na prisão em julho deste ano, durante a campanha. Logo após as primárias argentinas, o presidente Bolsonaro, conforme é de seu estilo truculento, se intrometeu em questão interna da Argentina e chamou Fernández de “bandido de esquerda”. O presidente ora eleito daquele país disse à época que Bolsonaro era racista e misógino.Parabéns a LulaFernández, ao votar na manhã deste domingo, se lembrou de mandar parabéns ao ex-presidente Lula que fez aniversário ontem (26).Lula, preso em Curitiba desde 2018, completa neste domingo 74 anos. "Faz aniversário hoje o meu amigo Lula, um homem extraordinário que está preso injustamente", escreveu Fernández em sua conta no Twitter. Ele também publicou uma foto fazendo uma letra L com a mão. "Parabéns pra você, querido Lula. Espero te ver em breve."