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Gilmar Mendes fala em Cuiabá sobre “ódio” que divide a sociedade e sua análise “cai como uma luva” sobre a Rede Globo
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09/11/2019 - 04:17
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Por Mário Marques de AlmeidaMato-grossense, natural de Diamantino (184 Km a Médio-Norte de Cuiabá), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode ser acusado de decisões polêmicas em seus votos e pareceres, menos o de não ser corajoso na tomada de posições, característica que não o deixa se intimidar por pressões midiáticas, via imprensa, ou pelos ataques – a maioria, carregados de ódio e revolta – desferidos pelas redes sociais.
Coragem, aliás, nessas questões judiciais pode ser traduzida como independência. Indispensável aos que têm a missão de determinar medidas que, dependendo de cada caso, podem afetar a vida de uma pessoa, milhares ou milhões. E que, obviamente, não podem (essas pessoas) ser submetidas ao crivo de juízo que se curva e segue os humores sociais volúveis e as tendências momentâneas.Julgar e tomar decisões nesse contexto multimidiático, difuso e raivoso, repleto de agressões por parte de muitos que se utilizam dessas ferramentas e, ao contrário de expressar divergências pontuais, alimentam preconceitos generalizados, é encarado como “natural” pelo ministro mato-grossense. Até certo ponto, pois ele não deixa também, a exemplo de muita gente com o mínimo de lucidez e espírito democrático, de expressar perplexidade com o debate colocado nesses moldes de um antagonismo preocupante e sem racionalidade.
Por colocar pessoas divergentes sobre diversos temas, em especial políticos, como se fossem inimigos – o que é nocivo à paz social e o conceito de nação civilizada. É este Gilmar Mendes, que não costuma ter lá “muitas papas na língua”, esteve ontem (9) em Cuiabá, onde participou de uma visita ao Hospital Municipal “Dr. Leony Palma de Carvalho”, e coerente com essa linha que norteia sua atuação na mais alta corte da Justiça brasileira, não deixou passar em branco a oportunidade de criticar a Imprensa, responsável, segundo ele, pelo fato de Lula não ter sido solto há mais tempo.Cercado por jornalistas, ele fez sua avaliação, segundo a qual a mídia tem contribuído para dividir a sociedade em segmentos extremamente radicalizados.Ele não explicitou a atuação de nenhum veículo de comunicação social em particular, mas quem conhece a história política recente do país, deve ter percebido que ele referiu-se a campanha que a Rede Globo de Televisão fazia, sistematicamente, contra o ex-presidente Lula, atribuindo todos os males do Brasil e do mundo ao petista. Em suma, "demonizando-o".Essa atuação da Globo teria intimidado o Superior Tribunal de Justiça (STJ) em decisão sobre um recurso interposto pela defesa do ex-presidente Lula em 2018, na qual tentava evitar sua prisão após o esgotamento de todos os recursos ainda no âmbito da 2ª instância do Poder Judiciário.O recurso foi negado liminarmente no ano passado e só veio a ser julgado este ano.De acordo com Mendes, Lula já poderia ter sido "mandado para a casa antes". No entanto, isso não ocorreu porque o Poder Judiciário teria ficado com medo da Imprensa.“O caso do Lula é constrangedor para a Justiça. Esse recurso chegou ao STJ em 2018, este ano ele foi decidido. Inicialmente o relator indeferiu o pedido. E reduziu a pena dele. Já poderia ter mandado ele para a casa antes. Veja a mídia opressiva faz com que o Tribunal tenha medo”, afirmou o ministro.Prosseguindo na análise, disse: “Eu tenho a impressão que todos nós de alguma forma, por omissão, ou ação, contribuímos para isso. De alguma forma deixamos isso acontecer. Eu tenho dito sempre que eu deploro a situação a que chegou o país em termos de radicalismo e polarização. Isso foi obra da imprensa”.Para ele, a imprensa “demonizou determinadas pessoas e beneficiou outros. Estimulou esse tipo de prática”.