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EM DUAS CANOAS: Nelson Barbudo se dá “muito bem” com ala anti-Bolsonaro do PSL, mas diz ser “fiel ao Jair”
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05/02/2020 - 06:32
Após permanecer sem sofrer restrições de Luciano Bivar, presidente nacional do PSL, Barbudo vai acompanhar Jair Bolsonaro na nova legenda - Aliança pelo Brasil - que os dissidentes do grupo bivarista estão fundando
Redação
O deputado federal Nelson Barbudo, do PSL, embora se declare “bolsonarista de carteirinha” em Mato Grosso, sua atuação partidária em Brasília não corresponde à imagem que passa no Estado, sobretudo a seus eleitores.
Isto porque, Barbudo agrada ao grupo do partido liderado pelo deputado federal Luciano Bivar, presidente da legenda que está em guerra com Jair Bolsonaro e os filhos deste.
A postura de Barbudo de se declarar “fiel seguidor de Bolsonaro” e também se manter leal e obediente às diretrizes emanadas de Luciano Bivar, talvez seja o motivo pelo qual, diante da forte e acirrada contenda entre a direção da sigla e o clã Bolsonaro, o deputado federal mato-grossense ainda não sofreu nenhuma sanção da Executiva nacional do PSL, que vem buscando suspender das funções partidárias os parlamentares contabilizados como anti-Bivar e pró-Bolsonaro. A suspensão do partido implica em perda de cargos em comissões na Câmara dos Deputados.
Essa ambivalência de Nelson Barbudo, sua capacidade de “servir a dois senhores em conflito”, pode ser a justificativa pelo fato de que ainda não sofreu, ao contrário do que vem ocorrendo com outros deputados bolsonaristas, nenhuma represália de Luciano Bivar.
A exemplo do que ocorre agora, quando a direção do PSL quer suspender, mais uma vez, um total de 17 parlamentares, entre os quais o filho do presidente da República, Eduardo Bolsonaro, e nessa relação não consta Nelson Barbudo – um indicativo de que ele está sob a proteção de Bivar e seu grupo.
Em uma nova tentativa de recuperar a liderança da bancada do PSL na Câmara, a Executiva Nacional do partido decidiu nesta terça-feira (4) suspender novamente das atividades partidárias Eduardo Bolsonaro (SP) e outros 16 deputados federais alinhados a Jair Bolsonaro, eleito pelo PSL e hoje sem partido.
A Executiva é ligada ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar, de Pernambuco. A medida ainda precisa ser referendada pelo diretório nacional da legenda, que tem reunião marcada para a próxima terça-feira (11).
Há uma ala da direção do partido disposta a rejeitar a decisão desta terça-feira para evitar prolongar a briga interna no PSL, que se arrasta desde outubro de 2019. Dirigentes ligados a Bivar, porém, acreditam que é necessário reforçar a posição contrária à conduta dos bolsonaristas para isolá-los internamente.
No ano passado, 14 deputados federais já haviam sido suspensos pelo partido e tiveram a decisão homologada pela Câmara.
Um dos objetivos da ala ligada a Bivar era conseguir a maioria dos 53 deputados para emplacar Joice Hasselmann (SP) na liderança da bancada no lugar de Eduardo Bolsonaro. Joice chegou a ser nomeada líder do PSL. Os parlamentares punidos, porém, conseguiram reverter as sanções na Justiça e Eduardo retomou o posto.
O objetivo do novo ato é conseguir mais uma vez a maioria da bancada para fazer de Joice a líder do partido no lugar de Eduardo em definitivo. Suspensos das atividades partidárias, eles não podem representar o PSL na Câmara.
Depois disso, novas representações contra o grupo foram apresentadas na comissão de ética do PSL, no final do ano. Nestes novos questionamentos à conduta dos deputados, foram usados como argumento o fato de eles fazerem campanha pela desfiliação de integrantes do PSL e apoio à Aliança pelo Brasil, partido que Jair Bolsonaro tenta criar.
A comissão de ética entendeu que eles incorreram em infidelidade partidária e por isso recomendou aos dirigentes da legenda a aplicação de sanções.
A Executiva acatou as sugestões nesta terça e decidiu por suspender os seguintes deputados federais pelo período de 12 meses: Aline Sleutjes (PR), Bibo Nunes (RS), Sanderson (RS), Márcio Labre (RJ), Daniel Silveira (RJ), Major Vitor Hugo (GO), Caroline de Toni (SC), Bia Kicis (DF), Filipe Barros (PR), Carlos Jordy (RJ), Helio Lopes (RJ) --conhecido por Helio Negão--, Chris Tonietto (RJ), Eduardo Bolsonaro (SP), Júnio Amaral (MG), Carla Zambelli (SP), Alê da Silva (MG) e general Girão (RN).
Desses, apenas Helio Negão, Tonietto e Sleutjes haviam sido sancionados com advertência no ano passado. Além deles, foi sugerida a suspensão dos deputados estaduais Gil Diniz (SP) e Douglas Garcia (SP).
Dirigentes do partido entendem que a decisão da Justiça que impediu um grupo da sigla de ser suspenso da atividade parlamentar não o protege de novas sanções.
"O partido não é a casa da mãe Joana. O PSL tem um estatuto e tem regras, só que, infelizmente, por mais de uma vez alguns parlamentares faltaram com decoro, ofendendo e caluniando o partido na imprensa, nas redes sociais e na própria Câmara", diz o deputado Júnior Bozella (PSL-SP), vice-presidente da sigla.
"Além disso, eles [os deputados suspensos] vêm abertamente infringindo o estatuto declarando apoio a outra legenda, são coisas que não podemos permitir. Gostaríamos que não fosse necessário, mas infelizmente este grupo tem insistido em desrespeitar o nome e a história do PSL. Ninguém é obrigado a estar em lugar algum, mas se a decisão foi ficar o mínimo que existimos é respeito", afirma Bozella.
A briga no PSL que se arrasta desde outubro de 2019 foi motivada por críticas de Jair Bolsonaro e seus apoiadores à gestão de Luciano Bivar. O presidente da República acusa o dirigente de não dar transparência às contas da sigla.
O PSL está no centro de um escândalo que envolve o uso de verbas públicas para candidaturas laranjas em Pernambuco e em Minas Gerais.
Nesta semana, segundo informa a Folha de S.Paulo, a direção da sigla usou dinheiro do fundo partidário para bancar a compra de carros e restaurantes de luxo.
Em novembro, Bolsonaro se desfiliou da sigla, mas conseguiu emplacar seu filho Eduardo na liderança da bancada na Câmara. Outros 26 deputados pediram desfiliação por justa causa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).