Fábrica da Itaipava em MT sob suspeita de fazer parte de “compensação” da Odebrecht ao Grupo Petrópolis por ter servido de laranja da construtora
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28/02/2020 - 21:44
Redalçao
Ação investiga lavagem de mais de R$ 1 bilhão
A construção da fábrica da cerveja Itaipava em Mato Grosso, localizada em Rondonópolis (212 Km ao Sul de Cuiabá) está sob suspeita de fazer parte de um pacote de pagamento da empreiteira Odebrecht ao Grupo Petrópolis (dono da cervejaria) como compensação pelo fato da fabricante de cervejas ter operacionalizado, a mando da construtora, um esquema de distribuição de propinas a políticos camufladas como doações para campanhas eleitorais.
Denúncia feita pelo MPF envolve Walter Faria, e outras 22 pessoas ligadas ao Grupo Petrópolis, Antígua Overseas Bank e ao departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato.
A Justiça Federal aceitou uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) contra Walter Faria, proprietário do Grupo Petrópolis, em uma ação que investiga lavagem de mais de R$ 1,1 bilhão em favor da Odebrecht entre 2006 e 2014, no âmbito da Operação Lava Jato.
O MPF denunciou o empresário e outras 22 pessoas vinculadas ao Grupo Petrópolis, Antígua Overseas Bank e ao departamento de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht em dezembro de 2019.
A denúncia faz parte da 62ª fase da Operação Lava Jato, que investiga o envolvimento de membros do Grupo Petrópolis, que é proprietário da Itaipava, em um esquema de lavagem de dinheiro desviado de contratos públicos, principalmente com a Petrobras.
Conforme o MPF, a 13ª Vara Federal de Curitiba aceitou totalmente a denúncia contra 20 dos 23 investigados na ação, na quarta-feira (26).
A Justiça Federal acolheu parcialmente as acusações contra outros dois envolvidos e rejeitou a denúncia contra um dos acusados.
Conforme o MPF, os réus têm 10 dias para apresentar defesa das acusações.
O outro lado
A assessoria de imprensa de Walter Faria disse que o empresário sempre prestou todos os esclarecimentos necessários às autoridades competentes e que irá demonstrar em juízo a improcedência da acusação.
Denúncia
Conforme as investigações, Walter Faria disponibilizava dinheiro em espécie para agentes públicos. Em troca, o empresario recebia dólares pagos pela Odebrecht no exterior.
De acordo com o MPF, o Grupo Petrópolis disponibilizou R$ 124 milhões em propina em forma de doações eleitorais a pedido da empreiteira.
Ainda conforme a denúncia, contas do empresário no exterior também foram usadas para pagamentos de propina envolvendo contratos de navios-sonda da Petrobras.
Ao todo, segundo o MPF, o Grupo Petrópolis pagou em propina R$ 512 milhões. Em contrapartida, recebeu US$ 120 milhões no exterior.
Como forma de acerto de contas, a Odebrecht simulou entre 2012 e 2013 negócios jurídicos fraudulentos com Faria, no valor de R$ 96 milhões, de acordo com a denúncia.
Prisão e soltura
O empresário também foi denunciado pelo MPF por ter auxiliado a Odebrecht no pagamento de propina por meio da troca de R$ 329 milhões no Brasil por dólares em contas no exterior. A denúncia foi feita em setembro de 2019.
O empresário chegou a ser preso, mais foi solto em dezembro após um habeas corpus concedido pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.
Desde então, Faria utiliza tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar o país sem autorização judicial.