Em CPI, ex-governador revela que propina mensal de 50 mil repassada a deputados não era “mensalinho”, que já vinha sendo pago, mas de um “extra”

Em CPI, ex-governador revela que propina mensal de 50 mil repassada a deputados não era “mensalinho”, que já vinha sendo pago, mas de um “extra” silval50
Por Mário Marques de Almeida   Didático e detalhista, o ex-governador Silval Barbosa revelou em seu “bombástico” e longo depoimento à CPI do Paletó, realizado ontem (2) na Câmara de Vereadores de Cuiabá, que a propina de R$ 600 mil reais, dividida em 12 parcelas de R$ 50 mil que ele aceitou pagar aos deputados estaduais à época em que chefiava o Poder Executivo, não se tratava de “mensalinho” que já vinha sendo pago há tempos, mas de um dinheiro “extra” que os parlamentares o pressionaram a pagar.   De acordo com Silval, a extorsão foi definida em reunião do Colégio de Líderes do Parlamento, após a qual os deputados teriam o procurado em seu gabinete no Palácio Paiaguás, exigindo uma importância de R$ 1 milhão para cada um deles. “Na ocasião eles alegaram que precisavam de dinheiro para custear campanhas eleitorais”, disse Barbosa aos vereadores.   Sempre de acordo com o ex-governador, inicialmente ele se recusou pagar a propina, mas acabou cedendo diante das pressões que sofria. E o valor acertado foi reduzido para R$ 600 mil.   Conforme explanou Silval, o que atiçou a cobiça de integrantes do Poder Legislativo estadual foi o fato que o então governador havia conseguido liberar somas vultosas para obras de infraestrutura na Capital e no Estado e que, após tramitações complexas estavam com muitas licitações concluídas.   A narrativa escabrosa de Silval à CPI, além das repercussões midiáticas vem causando grande apreensão nos meios políticos, especialmente junto aos parlamentares que foram envolvidos por ele no esquema de extorsão, entre os quais o mais notório deles é o ex-deputado e atual prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) que é o alvo principal das investigações que estão sendo feitas pelos vereadores cuiabanos.   Os delatados negam as acusações do ex-governador e atribuem a citação de seus nomes ao "desespero" de quem  está condenado em várias ações por crime de corrupção e desvios de verbas públicas.