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Exceto Blairo Maggi, o agro não produziu lideranças na mesma proporção de seu poderio econômico
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26/05/2020 - 12:28
Agro
ANÁLISE POLÍTICA
Por Mário Marques de Almeida Há um descompasso entre a força econômica gigantesca do agro em Estados como Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, principalmente neste último, e a capacidade desse segmento (agro) de gerar, em seu meio, lideranças políticas estratificadas.
Vejamos, por exemplo, o caso de Goiás, onde os principais lideres são o atual governador Ronaldo Caiado (Dem, Marconi Pirillo (PSDB) e o veterano Íris Rezende (PMDB) – nenhum deles identificados como representantes do agronegócio. Os três continuam liderando a cena política naquele Estado e são frutos de suas trajetórias na disputa de mandatos eletivos, não de eventuais protagonismos na atividade agropecuária.
Quanto ao Mato Grosso do Sul, também se repete, salvo peculiaridades locais, o mesmo que ocorre em Goiás: as lideranças que disputam o comando da política, ora se opondo ou convergindo entre si, de acordo com a conjuntura e interesses de grupos, nenhuma delas pode ser vista como expressões nascida no agro.
Reinaldo Azambuja (PSDB), atual governador, Zeca do PT e André Puccinelli (PMDB), ambos ex-governadores, não foram ainda “destronados” da posição de comandantes de grupos políticos, em que pesem os abalos que tenham sofrido em suas carreiras, a exemplo da prisão de Puccinelli e a derrocada do PT em nível nacional, o que, obviamente, enfraqueceu a legenda no MS.
No caso sul-mato-grossense, a análise comporta a inclusão dos irmãos Trad – um deles, prefeito de Campo Grande e o outro, senador da República –, os dois com berço na militância política, mas, por serem mais jovens, ficam abaixo da “hierarquia” do caciquismo daquele Estado.
Ainda no Mato Grosso do Sul, estão se revelando em ascensão, mas sem atingir o pódium, o ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta (Dem) e a ministra da Agricultura e deputada federal licenciada Tereza Cristina. Mandetta saiu fortalecido no embate com o presidente Jair Bolsonaro em função de divergências quanto à condução da pandemia do coronavírus, episódio que levou à sua demissão do cargo de ministro da Saúde. Antes do entrevero com Bolsonaro, Mandetta não tinha tanta projeção naquele Estado, mas hoje é um nome que adquiriu densidade nacional e está no páreo, para disputar a prefeitura de Campo Grande este ano ou, quem sabe, o Governo do Estado, em 2022.
Já Tereza Cristina, um dos poucos nomes sensatos na gestão tumultuada de Bolsonaro, é pecuarista de porte médio em seu Estado e embora tenha bom trânsito no segmento ruralista, sua origem é eminentemente política, com raízes na velha UDN, partido pelo qual seu avô, o médico Fernando Correa da Costa se elegeu governador, na década de 60 e quando Mato Grosso era uno.
Mato Grosso Para finalizar, Mato Grosso onde o agronegócio pontifica mais do que nos Estados vizinhos citados acima e no qual o segmento conseguiu ver brotar uma liderança de seu meio: o ex-ministro da Agricultura, ex-senador e ex-governador (por dois mandatos), o empresário Blairo Maggi (PP), dono de um dos maiores grupos econômicos do Brasil com negócios na produção e comercialização de produtos agrícolas.
Tirando Blairo, que diz ter encerrado sua participação na vida pública, afirmação que muitos duvidam seja real, nenhum outro nome do agro se firmou, por enquanto, no universo político mato-grossense.
Nem mesmo Otaviano Pivetta (PDT), vice-governador de Mauro Mendes (Dem) e que tem seu nome oficializado como candidato ao Senado, na eleição já adiada, para disputar a vaga aberta com a cassação da ex-senadora Selma Rosane de Arruda (Podemos).
Caso ocorra mesmo a eleição para suprir essa vaga no Senado, temporariamente ocupada por Carlos Fávaro (PSD), o terceiro colocado nas eleições de 2018, e ainda ficando na dependência de Pivetta vir mesmo disputar e vencer o pleito, aí sim, o agro terá fincado um pé forte na estrutura política do Estado.
Até lá, como único e principal nome gerado pelo setor, continua sendo o de Blairo Maggi. Ele reina na soja e na política estadual.
O mesmo que diz ter “dependurado as chuteiras” na política.