Análise política Da Redação O governador Mauro Mendes (DEM), nos últimos dias, vem intensificando denúncias que questionam o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) no quesito da ética e da moralidade no trato de recursos públicos. A ofensiva de Mendes atinge o que pode ser considerado o “calcanhar de Aquiles” de Pinheiro, que ainda se ressente do episódio conhecido como “dinheiro no paletó”, que é alvo de uma CPI na Câmara de Vereadores da Capital e que consiste de um vídeo em que aparece o hoje prefeito e então deputado estadual recebendo maços de dinheiro em um gabinete no Palácio Paiaguás, à época em que o governador era Silval Barbosa. A filmagem onde aparece, além de Emanuel, outros então parlamentares, serviu de provas anexadas pelo ex-governador em sua delação premiada ao Ministério Público em que Silval disse que era extorquido, na época, por um grupo de deputados que recebiam importâncias em espécie (dinheiro vivo) em troca de apoio parlamentar e sustentação política ao ex-governador. Em sua defesa, o hoje prefeito de Cuiabá e então deputado diz que estava recebendo (quando foi filmado sem saber, obviamente, que estava sendo gravado) uma dívida que seu irmão, dono de um instituto de pesquisas, tinha junto a Silval Barbosa. De acordo com o atual prefeito, a dívida que fora cobrar se referia a serviços de pesquisas prestados a Barbosa. Em que pesem os argumentos de defesa de Emanuel Pinheiro, o fato é que o caso denominado, desde então ‘dinheiro no paletó’, arranhou a imagem do atual prefeito. Agora, ao criticar Pinheiro, justamente no campo ético, Mauro Mendes, intencionalmente ou não, pode estar reavivando, no imaginário coletivo, um fato ocorrido há cerca de oito anos, que teve grande repercussão local e nacional, chegando a ser alvo de farto noticiário na mídia regional e nacional. Para observadores políticos, ao fazer na atualidade questionamentos pesados como o de que Emanuel Pinheiro não estaria aplicando corretamente verbas destinadas à saúde pública em plena pandemia do coronavírus, ou então falsificando balanços nas contas, a exemplo do que fez nesta terça-feira (2), o governador Mauro Mendes, na prática, não deixa “cicatrizar” e cair no esquecimento o tristemente famoso “dinheiro no paletó”. A propósito, confira matéria publicada nesta terça-feira (2) pelo site Gazeta Digital e na qual o governador acusa o prefeito de agir com improbidade: Mauro acusa Emanuel de falsificar balanço das contas JESSICA BACHEGAGazeta Digital A briga entre o governador Mauro Mendes (DEM) e o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) ganha um novo capítulo. Agora o chefe do Executivo estadual acusa o emedebista de falsificar balanço com as contas da Prefeitura de Cuiabá. A revelação ocorreu em coletiva para entrega de ambulâncias, na manhã desta terça-feira (2). Mais cedo, Emanuel Pinheiro afirmou que Mendes deixou a prefeitura com dívidas de R$ 65 milhões. Questionado sobre a pendência, Mendes se irritou e negou a pendência. “Vê como está o restos a pagar que esse cara deixou. Aliás, vou falar outra coisa agora, eu vi uma denúncia assinada pelo vereador Marcelo Bussiki de que o prefeito falsificou o balanço de 2019. Marcelo Bussiki assinou essa denúncia. Ele não quer confusão?”, revelou o governador. Na avaliação do democrata, as acusações feitas pelo prefeito visam somente tirar o foco da questão central, que é sobre as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) que deveriam estar disponíveis para pacientes de covid-19 na capital. Sobre a questão, Emanuel disse, anteriormente, que os leitos que deveriam ir para o Pronto Socorro Municipal (PSMC) serão instalados no Hospital Municipal São Benedito. “É lamentável, chega a ser triste uma cidade como Cuiabá ter um prefeito como o que temos hoje. Que mente o tempo todo, que joga palavras ao vento e que não discute dados ou números. O que o governo quer saber é o seguinte: cadê as UTI’s novas que o prefeito montou em Cuiabá? Como não montou UTI nenhuma, ele fica jogando factóides. Conversa fiada aqui, acolá”, disparou o governador. Na entrevista coletiva, Mauro Mendes ainda convidou o prefeito a visitar a Santa Casa e o Hospital Metropolitano de Várzea Grande para conhecer os novos leitos. Outro lado O prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro afirmou que “a quem acusa cabe o ônus da prova”. Reitera que suas contas foram aprovadas em 2017 pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Quanto as contas de 2018, já receberam parecer favorável da Corte, que ainda irá apreciar a documentação referente ao ano de 2019.