VIROU O DISCO? Bolsonaro deixou de culpar governadores e o ICMS pelos aumentos da gasolina e agora critica apenas a Petrobras, mas não obriga estatal abaixar os preços
VIROU O DISCO? Bolsonaro deixou de culpar governadores e o ICMS pelos aumentos da gasolina e agora critica apenas a Petrobras, mas não obriga estatal abaixar os preços
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08/11/2021 - 13:21
bomba
O presidente Jair Bolsonaro, em mais uma de suas guinadas onde mostra sua desorientação e despreparo político, culpa agora a Petrobras pelos aumentos dos combustíveis, um fato, aliás, que já vinha sendo criticado por governadores.
Antes, Bolsonaro responsabilizava os governos estaduais e o ICMS pelas constantes altas na gasolina, diesel e etanol. Agora, em seu novo discurso ele aponta a Petrobras pelos aumentos, mas não fala que ele próprio, caso tenha vontade política e coragem, pode impedir que a estatal de petroleo dolarize o preço da gasolina - o que evitará as constantes altas. Nada impede o presidente de fazer isso. Qualquer outra versão em contrário, como a de que ele estaria proibido por lei, a exemplo do que circula nas redes bolsonaristas, não passa de fake news. Ou de falácia para manter desinformados seus seguidores apalermados.
Entenda o caso
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 8, em entrevista à rádio Jovem Pan Curitiba, que está crescendo a "tendência de caminhoneiros de parar o Brasil" por causa da alta dos combustíveis. "É uma coisa que afeta todo mundo", disse, sobre potenciais impactos de bloqueios.
O chefe do Executivo mais uma vez pediu responsabilização da Petrobras pelo salto no preço dos combustíveis. "Vamos reclamar de quem é realmente responsável por isso, a Petrobras", disse na entrevista, dirigindo-se aos caminhoneiros. "A melhor coisa que pode fazer para o social é baratear os combustíveis", acrescentou.
O governo tem buscado desmobilizar possíveis protestos de caminhoneiros, uma base de apoio do Palácio do Planalto, preocupado com o impacto econômico de eventuais bloqueios em um contexto de crise.
Nesta segunda, a Anfavea, entidade que representa as montadoras de veículos no Brasil, informou que a paralisação dos caminhoneiros na semana passada dificultou a retirada de peças no porto de Santos, o que pode levar a novas interrupções nas linhas de montagem em um momento em que as fábricas não conseguem recompor estoques.
Mais uma vez na tentativa de se blindar de críticas sobre a alta dos combustíveis, Bolsonaro voltou a jogar o problema no colo da Petrobras e a criticar a empresa. "Os dividendos são, no meu entender, absurdos. R$ 31 bilhões em três meses. Eu não quero na parte da União ter esse lucro fantástico", afirmou.
No fim de outubro, Bolsonaro já havia dito que a Petrobras não poderia dar um lucro muito alto, causando impacto negativo no mercado financeiro. A petrolífera registrou lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre deste ano.
O presidente ainda voltou a criticar a política de preços da Petrobras, chamada por ele de equivocada. "Nós somos autossuficientes em petróleo, não justifica isso aí. Não podemos ficar escravizados ao preço lá de fora", afirmou, sobre o alinhamento dos reajustes de preços no Brasil à variação do petróleo no mercado internacional. "Lucro da Petrobras, ao longo dos anos, grande parte vai para acionistas."