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Resumo do golpe que Bolsonaro e ministros tramavam em reunião do Palácio; com vídeo
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10/02/2024 - 08:55
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Imagens gravadas de uma reunião que seria para tratar de assuntos políticos e administrativos rotineiros do governo de Jair Bolsonaro, em meados de 2022 e que só agora (fevereiro de 2024), estão chegando ao conhecimento da nação, estão estarrecendo o país.
Tratativas, ordens, encaminhamentos e providências (com tarefas distribuídas e sugestões aos participantes dessa reunião entre altas autoridades militares e civis do primeiro escalão da República) para viabilizar um golpe de Estado, manter Bolsonaro no poder, mesmo na hipótese de ele não vir a ser eleito (como de fato não foi), prender ministros do STF e desacreditar, com acusações sem provas, as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro.
A pergunta é por que o golpe fracassou? Ainda que tenha deixado sequelas com a invasão de 8 de janeiro do ano passado e a depredação das sedes dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo por hordas terroristas que se deslocavam de acampamentos em frente a quartéis de Brasília e com a clara omissão daqueles que deveriam reprimir a insubordinação, mas não o fizeram pelo menos a tempo de evitar o quebra-quebra generalizado.
A resposta pode estar com a Polícia Federal e sua meticulosa, detalhada investigação, cujo ponto forte são sons e imagens de ex-ministros, militares de alta patente e antigos assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro que atuaram de forma orgânica na tentativa de golpe de Estado. Choca o linguajar com palavrões (o que aliás, não é novidade) do então presidente da República comandando a reunião e a desfaçatez como ex-ministros tratam de um golpe de Estado, como se fosse uma questão simples, sem gravidade.
Sobre esse aspecto do linguajar tosco, o vídeo postado ao final deste texto, é um exemplo gritante de como, com tantas expressões de baíssimo nível, o"mito" avacalhava o cargo de presidente da República E é o que ele fez durante 4 anos de sua gestão desastrosa e de desmonte de várias instituições públicas, principalmente de fiscalização e controle nas áreas de saúde e meio ambiente.
A partir de agora, o Brasil sabe que o que poderia ter se transformado em uma quartelada e afundar o Brasil nas trevas de mais uma ditadura civil-militar contou com o aval e planejamento do então presidente Jair Bolsonaro (PL), ministros do governo federal, militares de alta patente e civis aliados ao então chefe do Executivo, segundo mostra a Polícia Federal (PF).
Cada um contava com uma "missão" específica no enredo golpista, conforme as investigações, com atuação estruturada dos suspeitos em seis núcleos.
O objetivo era descredibilizar o sistema eleitoral, incitar os quartéis e, por fim, com o aval do alto comando das Forças Armadas, cruzar a linha da Constituição. Os insurgentes, no entanto, falharam em um ponto essencial da trama criminosa: não arregimentaram a unidade da tropa.
Segundo apontam as investigações, a tentativa de desacreditar o Alto Comando do Exército (ACE) era parte fundamental da conspiração nascida dentro do Palácio do Planalto para dividir a corporação, colocar a tropa contra os comandantes que resistiam à ideia e consumar o golpe de Estado.
Uma das frentes dessa estratégia era desacreditar os comandantes os acusando, por meio do "gabinete do ódio" nas redes sociais. A investigação da Polícia Federal expôs o bastidor deste processo de fritura ao encontrar mensagens nas quais Braga Netto relata que o então comandante do Exército, Freire Gomes, estava omisso e indeciso sobre o golpe.
O ex-ministro da Casa Civil liderou uma campanha velada, mas agressiva, de pressão a oficiais das Forças que rejeitaram aderir ao plano golpista articulado por Bolsonaro e por seus aliados mais próximos.
Braga Netto também atacou o tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, que na época era comandante da Aeronáutica, chamado de "traidor da pátria". "Inferniza a vida dele e da família", orientou o ministro. Em outra conversa, Braga Neto chama o então comandante do Exército, Freire Gomes, de "cagão" por estar se recusando a aderir.
A PF descobriu que os aliados mais radicais de Bolsonaro chegaram a articular, com oficiais de alta patente, uma carta ao comandante do Exército para servir como "instrumento de pressão".
A Procuradoria-Geral da República (PGR) também destacou que teriam sido coordenados "ataques pessoais a militares indecisos sobre a adesão ao plano de golpe de Estado".
A resistência do alto comando das Forças ao golpe foi demonstrada em outra conversa interceptada pela PF. Em uma das mensagens anexadas ao relatório, o coronel reformado do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros critica os comandantes por estarem "dificultando a vida do PR" (Presidente da República) ao "se colocar contra" a trama golpista.
A contrariedade por parte da tropa também foi registrada em uma conversa entre o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, então assessor especial da Presidência, e Mauro Cid. Câmara é apontado como integrante do núcleo que alimentava Bolsonaro com informações que o ajudariam a consumar o golpe de Estado. Ele foi um dos presos preventivamente na operação desta quinta-feira (9/2/2024).
Câmara encaminha para Mauro Cid uma mensagem atribuída ao então comandante militar do Sul, Fernando Soares e Silva, em que o militar repreende a tropa por "eventuais adesões da ativa" a "esse tipo de iniciativa", afirmando ser "inconcebível". Em resposta, Cid diz apenas: "Já era o esperado".
Os oficiais contrários à aventura golpista alinhavam generais com comando de tropa, como Tomás Miguel Ribeiro Paiva (comandante militar do Sudeste), Richard Nunes (comandante militar do Nordeste), Fernando Soares e Silva (comandante militar do Sul) e André Luiz Novaes Miranda (comandante militar do Leste).
No dia 24 de novembro, o comandante do Exército, Freire Gomes, participou, segundo a delação do tenente-coronel Cid, de reunião com o presidente Bolsonaro. Nela, Bolsonaro consultou os chefes militares sobre um plano para de um golpe, cancelando as eleições. Garnier, segundo Cid, teria colocado suas tropas à disposição do presidente. Freire Gomes reagiu. Disse - de acordo com a versão de Cid - não ao golpe.
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