O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), anunciou nesta segunda-feira (2) que irá solicitar à Procuradoria-Geral da República (PGR) o bloqueio dos bens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida visa apurar se Bolsonaro estaria financiando as atividades do filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos, em uma suposta campanha de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e de articulações contra instituições democráticas brasileiras. A declaração foi feita pouco antes de Lindbergh prestar depoimento à Polícia Federal, em Brasília, no âmbito do inquérito que investiga se Eduardo Bolsonaro atuou do exterior para ameaçar o STF e atentar contra a soberania nacional. “Está claro para nós que o pai ajuda a sustentar o filho nos Estados Unidos. E isso, possivelmente, via pagamentos por PIX, está alimentando uma campanha contínua de ataques ao STF”, afirmou Lindbergh à imprensa. Segundo o parlamentar, há indícios de que existe uma organização coordenada com o objetivo de tumultuar julgamentos em curso no Supremo e de enfraquecer o sistema democrático. Lindbergh também informou que entregará à Polícia Federal um dossiê com mais de 600 manifestações públicas de Eduardo Bolsonaro, incluindo postagens em redes sociais, vídeos e registros de articulações com parlamentares e autoridades estrangeiras. “Há um roteiro, há método. O que está sendo articulado fora do país é grave, e envolve ameaças diretas à soberania nacional”, afirmou. Atuação internacional Eduardo Bolsonaro está licenciado de suas funções na Câmara e atualmente reside nos Estados Unidos. De lá, tem participado de eventos conservadores e buscado apoio político e diplomático para sancionar autoridades brasileiras, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes, além de pressionar por anistia a envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Lindbergh lembra que, ainda em fevereiro, já havia protocolado uma representação na PGR contra Eduardo, apontando crimes contra a soberania nacional. Na ocasião, também pediu a apreensão do passaporte do parlamentar, solicitação que foi negada pelo ministro Alexandre de Moraes após parecer contrário da própria PGR. Avanço das investigações A investigação envolvendo Eduardo Bolsonaro faz parte de uma série de inquéritos da Polícia Federal que apuram supostas ações coordenadas para disseminação de desinformação, sabotagem institucional e ataques aos poderes da República, especialmente ao Judiciário. As apurações têm como foco figuras do entorno de Jair Bolsonaro, cujas atividades recentes no exterior vêm sendo acompanhadas de perto por autoridades brasileiras. Se acolhido pela PGR, o pedido de bloqueio de bens do ex-presidente pode abrir um novo e importante capítulo nas investigações que já envolvem o clã Bolsonaro em diferentes frentes judiciais.