O "Calcanhar de Áquiles" da gestão Abilio Brunini (PL), segundo os próprios vereadores por Cuiabá, pode ser mensurado em um desafio feito pela vereadora Maysa Leão (Republicanos).

Ela desafiou o prefeito de Cuiabá a lhe acompanhar em uma visita as unidades de Saúde da cidade, em que "falta de tudo e as pessoas estão morrendo sem a dignidade de um atendimento mínimo que seja".

A parlamentar de segundo mandato, que era suplente, se efetivou no mandato e chegou a ser cotada como um dos fortes nomes para uma disputa majoritária, afirmou, em Plenário, que as imagens divulgada po Abílio se limitavam à recepção das unidades de Saúde. "Ele não entra, não se aprofunda no interior de muitas unidades, para não reconhecer o caos vicenciado pela Saúde de Cuiabá", disse.

A vereadora denunciou, principalmente, as precárias condições da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Morada do Ouro, constatadas durante uma fiscalizaçãofeita por ela e sua equipe, na noite da última quarta-feira (2). A parlamentar iniciou sua fala solicitando a veiculação de um vídeo gravado na unidade, que mostra o cenário enfrentado por pacientes e profissionais de Saúde.

“É importante que a população veja o que vimos: uma UPA que continua operando em estado crítico, com pacientes internados em cadeiras, idosos dormindo em cadeiras quebradas, internados na sala de medicação. A Saúde Pública de Cuiabá está na UTI”, afirmou Maysa Leão.

O prefeito lembrou que lidou de forma clara, como vereador e que, agora, como prefeito, vai constantemente nas unidades de Saúde. Reconheceu que faltam condições, mas que, na medida do possível, estava empenhado em mudar essa realidade, que, segundo ele, é decorrente da falta de investimentos constantes e prioritários, remetendo sua justificativa as diversas operações policiais na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, na gestão do anecessor, Emanuel Pinheiro (MDB).

"Está se fazendo o que é possível fazer. Qualquer um que estiver à frente da Saúde de Cuiabá vai enfrentar as mesmas dificuldades. Temos um atendimento melhor do que era feito até 2024", disse Abílio. E ressaltou que a pasta tem R$ 300 milhões em dívidas e, a todo momento, recebe ameaças de paralisação por falta de recebimento de pendências de 2023 e 2024.

Ele lembrou que a parte mais critica de sua gestão, nos primeiros dias, eram os buracos e, depois, a coleta de lixo. Agora está na Saúde, mas assinalu que "tem avanços".

"Fico feliz porque, agora, a [vereadora] Maysa está visitando as unidades de Súde. Eu faço isto a todo momento e fiscalizo a todo momento. Existem problemas. Sim. Temos seis meses de gestão e estamos, neste momento ,corrigindo o essencial. Mas, não tivemos tempo e nem dinheiro para promover mais mudanças, Mas, só o fato de ela reconhecer que as recepções estão vazias... O paciente de classificação verde não é de internação. Regulação de urgência e emergência é com o Estado. Mas, me parece que a vereadora está defendendo aqueles que vão às unidades de Saúde em busca de atestado médico, a famosa máfia da Saúde", disse..

Segundo o prefeito, UPA é local de pronto-atendimento.

"Agora, se a vereadora, bem como alguns de seus amigos, como Dídimo Vovô, Jeferson Siqueira, Daniel Monieiroe Emanuel Pinheiro, quiserem fazer uma grupo de WhatsApp para ficar criticando, pode fazer, sem problemas", disse o prefeito. Ele descartou que as criticas tenham cunho eleitoreiro e defendeu a oposição e a fiscalização, pois "ajuda apontando os erros".

Ele, no entanto, criticou a forma como ao adversários criticam ou fiscalizam. E sinalizou que a vereador Maysa estaria copiando a forma como ele trabalha e fiscaliza.

A vereadora relatou que recebeu uma série de denúncias da população sobre a situação das unidades, e organizou um material de seis páginas, com relatos e registros, já encaminhado à imprensa e colocado à disposição dos demais parlamentares.

“São relatos de uma sociedade pedindo socorro. A UPA Morada do Ouro, assim como outras unidades da Capital, está superlotada, sem infraestrutura, sem dignidade. Infelizmente, o prefeito Abílio tomou como ofensa pessoal uma fiscalização, que sempre fez questão de fazer quando era vereador. A diferença é que eu não faço isso com lives (mídias sociais), nem sensacionalismo. Faço com respeito”, afirmou Maysa.

A vereadora respondeu à tentativa do prefeito de desmentir sua fiscalização com a divulgação de fotos da recepção da unidade vazia. Ela reforçou que esteve dentro da UPA, conversou com pacientes e acompanhantes e presenciou a lotação nas salas de emergência, medicação, enfermaria e isolamento.

“A recepção estava vazia, prefeito, mas a UPA estava lotada. Mostre também a enfermaria, a sala de medicação, a sala de emergência. Falei com cada pessoa internada. Gente que está ali há mais de 12 dias. Pessoas doentes, sem possibilidade de tomar banho, sem alimentação, sem estrutura. Inclusive, ontem, pela primeira vez, os pacientes na sala de medicação receberam alimentação. Os próprios acompanhantes disseram: ‘É a primeira vez que comemos aqui nessa sala’.”

Em um dos casos mais graves, Maysa relatou a história de uma paciente com suspeita de câncer de colo de útero, que está internada na UPA sem conseguir realizar exames básicos para diagnóstico e sem prioridade para transferência.

“Ela vai morrer de câncer, não por falta de tratamento, mas por falta de diagnóstico. Ela está morrendo por desassistência, por negligência do sistema público municipal de Saúde, pois sem laudo não terá prioridade de vaga no Sisreg”, explicou

A vereadora fez um apelo direto ao prefeito: “Não pessoalize a fiscalização, prefeito Abílio. Não sou contra o senhor. Mas, eu não vou me calar diante do sofrimento do povo. Cuiabá precisa de gestão, não de vaidade.”

Com Assessoria de Imprensa