O vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), que trabalha para consolidar sua possível candidatura à sucessão do governador Mauro Mendes (União), seu maior cabo eleitoral, independentemente de deixar o mandato ou cumpri-lo até o final, mudou sua estratégia, justamente por não ter a certeza de que disputará em outubro de 2026 no exercício do mandato.
Uma uma disputa no exercício do mandato tem um peso muito favorável para quem estiver na disputa pela reeleição.
Após tomar conhecimento de que existe uma forte possibilidade de Mauro Mendes não se desincompatibilizar para disputar as eleições, para uma das duas vagas de senador da República, ou, até mesmo deo governador deixar o Governo do Estado, mas sem disputar nada, o que contraria a regra e história política de Mato Grosso, o que por outro lado também enfraqueceria sua chapa majoritária, o vice-governador decidiu mudar sua estratégia, em busca de se tornar o candidato de um arco de alianças que permita-lhe compor uma forte chapa.
Só que para essa construção ter chances de se consolidar, Pivetta precisa reconstruir sua ponte com os deputados estaduais, que passaram a olhar para ele de forma enviesada. Ainda mais, após ficar confirmado que partiu dele (Pivetta), com o estimulo der Mauro Mendes e com a ajuda do deputado Diego Guimarães (Repubicanos), a denúncia de desvio de aplicação de recursos de emendas parlamentares encaminhados à Secretaria de Estado de Agricultura Familiar, para a aquisição de kits agrícolas.
Pivetta voltou a se aproximar dos deputados estaduais que lhe impuseram um voto de desconfiança por causa da Operação Suserano, da Delegacia de Combate a Corrupção - Deccor/MT, que investiga suposto crime de desvio da emendas parlamentares.
O próprio vice-governador admite ter encaminhado denúncia. Primeiro, para a Controladoria Geral do Estado (CGE/MT) e, após constatado sobrepreço de 80% em relação aos preços praticados no mercado, algo muito relativo, até porque a própria CGE informa que fez levantamentos somente em 2024 por causa das denuncias, mas nos anos de 2021, 2022 e 2023, só buscou analisar os contratos a pedido da Deccor/MT - ou seja, por estimativa.
Nestes três últimos anos, não houve auditoria nos contratos da secretaria, que, inclusive. chegou a praticar, na compra direta de kits agrícolas idênticos aos destinados para atender as emendas parlamentares, valores maiores. Como não se tem como fazer mensuração, apenas uma estimativa dos preços então praticados nos 36 meses que envolvem 2021 a 2023, fica difícil se confirmar que houve ou não desvios de finalidade.
Certo mesmo é que as denúncias, que ainda estão em sede de apuração, ainda vão render muita dor de cabeça para o vice-governador, pois elas foram fruto de uma ação sua, que levou à exposição de 14 deputados apontados como beneficiários do possível desvio, conforme divulgado pelo Portal UOL..
A denuncia acabou gerando forte repercussão dentro da Assembleia Legislativa, ou seja, entre os deputados, tanto os citados pela reportagem do UOL como aqueles não citados, meio que em tom de corporativismo.
Fora isto, no entendimento da delegada Juliana Rado, como 2024 foi um ano eleitoral e teve três deputados candidatos a prefeito, ela preferiu encaminhar as apurações da CGE e da Deccor/MT para a Polícia Federal e ao Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE/MT), para apurar possível favorecimento eleitoral.
Naquele ano, Eduardo Botelho (UB) foi candidato a prefeito em Cuiabá; Thiago Silva (MDB) e Cláudio Ferreira (PL), em Rondonópolis, sendo que este último acabou eleito. E os deputados Faissal Calil (Cidadania), Juca do Guaraná (MDB), com irmãos candidatos a vereador na capital do Estado, inclusive, com a eleição de Paula Calil, atual presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, e outros deputados com interesses em eleger aliados em suas bases eleitorais, de olho em 2026,
Todo esta polêmica acabou por distanciar Otaviano Pivetta da Assembleia Legislativa e dos deputados E coube, principalmente, ao presidente do Parlamento Estadual, Max Russi (PSB), reconstruir a relação que foi abalada, segundo alguns deputados.
"Em que pese eu estar tranquilo, pois as apurações falam em uma emenda de minha autoria, de R$ 10 milhões, emenda está que nunca existiu, nunca foi apresentada e se destinaria à aquisição de 25 mil kits agrários a um custo unitário de R$ 1,8 mil e que daria R$ 50 milhões, então resta apenas que tudo seja esclarecido, pois o dano moral, o linchamento popular já foi consumado", reclamou o líder do PSDB, Carlos Avalone. Para ele, a relação do vice-governador Otaviano Pivetta com os deputados está, sim, abalada.
Max Russi, no entanto, não vê desta maneira, até porque a situação das emendas ainda estão sob apuração das autoridades. E assim como o vice-governador, qualquer deputado também denunciaria se tivesse conhecimento de qualquer irregularidade, explicou, ele lembrando que o controlador-gera do Estado assinalou que a remessa dos resultados da auditoria só foram encaminhados à Deccor/MT, em vez do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), do Ministério Público de Mato Grosso, que tem competência para apurar casos envolvendo aqueles detentores de mandato eletivo ou prerrogativa de foro.
"Os esclarecimentos já colocados pela CGE e os que ainda se tornarão públicos em decorrência das apurações em cursos e as investigações quanto ao vazamento de informações sigilosas, pois o sigilo serve tanto para preservar os feitos das investigações como evitar que possíveis investigados sejam indevidamente acusados sem provas. Com os esclarecimentos dos fatos, se demonstrará que não houve direcionamento ou desvio nas emendas, e isto não vai interferir na relação do Governo Mauro Mendes com a Assembleia Legislativa", explicou Russi.
Ele assinalou que ainda falta muito tempo para as eleições e para definições, e isto não pode comprometer a gestão do governador Mauro Mendes, "que tem muito trabalho a ser feito e muita obra a ser inaugurada".
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