Abílio aponta rombo de R$ 2,4 bi e diz que Cuiabá viverá mais dois anos de aperto

Abílio aponta rombo de R$ 2,4 bi e diz que Cuiabá viverá mais dois anos de aperto

 

O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), declarou nesta quarta-feira (9), durante apresentação no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), que a capital mato-grossense ainda enfrentará pelo menos dois anos de dificuldades financeiras até que as contas públicas sejam reequilibradas. Segundo ele, o cenário atual é de “fim do decreto, mas não do aperto”, em referência à revogação do estado de calamidade financeira, que perdeu a validade no último dia 3 de julho.

Durante a exposição, Abílio detalhou o rombo herdado da administração do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que, de acordo com balanço apresentado aos conselheiros do TCE, chega a R$ 2,4 bilhões. Ele classificou a situação como “grave” e afirmou que a atual gestão terá que manter medidas de austeridade pelo menos até 2027.

“Assumimos uma prefeitura endividada, sem caixa e com números que não condizem com a realidade. A verdade é que a cidade foi maquiada fiscalmente nos últimos anos”, disparou.

Na comparação feita por Abílio, ao assumir em 2017, Emanuel recebeu de Mauro Mendes (então prefeito) um saldo positivo de R$ 104 milhões em caixa. Em contrapartida, ao tomar posse em janeiro deste ano, Abílio afirma ter encontrado a prefeitura mergulhada em dívidas e com as finanças colapsadas.

Entre os dados apresentados, estão o aumento drástico nos restos a pagar, que passaram de R$ 62 milhões ao fim da gestão Mendes para R$ 530 milhões no final do governo Emanuel. As retenções a pagar subiram de R$ 13 milhões para R$ 249 milhões. Já a dívida de longo prazo praticamente dobrou, saltando de R$ 647 milhões para R$ 1,6 bilhão.

Abílio também apontou desequilíbrio entre receita e despesa nos três últimos anos da gestão passada, quando os gastos municipais superaram a arrecadação. Segundo ele, parte do problema foi agravada por uma Lei Orçamentária Anual (LOA) que, em suas palavras, foi “superestimada e enganosa”.

“A LOA foi aprovada com números irreais, que não refletem a arrecadação da Prefeitura. O correto teria sido aprovar um orçamento deficitário, mas preferiram maquiar a situação para esconder o rombo que estavam deixando”, afirmou.

Outro ponto destacado foi o impacto da crise sobre áreas essenciais, especialmente a Saúde. Segundo o prefeito, a revogação do decreto de calamidade foi necessária para dar maior autonomia às secretarias, mas não significa que o município esteja fora do vermelho.

Apesar do cenário adverso, Abílio garantiu que continuará adotando medidas de contenção e responsabilidade fiscal, com o objetivo de recuperar a capacidade de investimento da cidade. “O trabalho agora é reconstruir a Prefeitura e reorganizar as finanças. Vai ser difícil, mas é possível”, concluiu.