Preocupados com a repercussão interna e as diversas interpretações, dentro de um contexto que deixou para o público dúvidas - se foi ou não uma encenação política, que é muito mais comum do que as pessoas imaginam-, o governador Mauro Mendes (União Brasil) e o vice Otaviano Pivetta (Republicanos) trataram de colocar panos quentes na fervura em que se transformou uma simples visita do presidente nacional do Partido Republicanos, Marcos Pereira, na última terca-feira (8).
A simples visita acabou se transformando em uma reunião política, onde a pressão em cima do chefe do Poder Executivo, pelos aliados, acabou levando alguns mais afoitos em alardear uma decisão: a consolidação de um processo que simplesmente é impossível de acontecer.
Pelo menos por agora, já que, segundo a legislação eleitoral, os eventuais candidatos ao pleito de 2026 terão que, primeiro, cumprir uma série de decisão, sendo uma das mais importantes as convenções partidárias, que devem ser realizadas entre 20 de julho e 5 de agosto do ano das eleições. Portanto, a mais e um ano de se homologarem os nomes dos candidatos e 451 dias para o primeiro turno das eleições.
Sempre é bom lembrar que Mato Grosso só realizou eleições em dois turnos para presidente da República e vice e para prefeito de Cuiabá e vice. Todos os candidatos que disputaram o Governo do Estado como favoritos foram eleitos em primeiro turno.
Desde a Constituição Federal de 1988, as eleições majoritárias para presidente e vice, governador e vice e prefeitos e vice (de capitais e de cidades com mais de 200 mil eleitores), exigem que o candidato mais votado obtenha 50% mais um voto do total de votos validos. Ou seja, daqueles eleitores que compareceram as urnas e depositaram seus votos.
O segundo turno existe para que os eleitos para cargos dos executivos Federal, Estadual e Municipal tenham a representatividade de metade do eleitorado apto a votar e que compareceu ao processo eleitoral.
Em entrevista, na quinta-feira (10), logo após receber o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL) - a quem tem sinalizado para um tratamento preferencial em relação a outros gestores -, o governador Mauro Mendes (União) disse que evita falar em disputas eleitorais ou possíveis cenários de 2026 porque , preocupado com o esvaziamento de sua própria gestão.
“Não vejo por que descartar conversações políticas nem por que precipitá-las. Fato é que o senador Wellington Fagundes está colocando sua candidatura a um bom tempo, muito tempo. Eu tenho evitado falar no cenário de 2026 porque estamos em 2025. Eu, como governador, Pivetta e o próprio Abílio e todos aqueles que estão no Executivo têm o dever de trabalhar e entregar resultado” disse ele.
Mais adiante, o governador destacou que o Brasil precisa rapidamente acabar com esse negócio de eleição de dois em dois anos, senão a grande agenda do país vira um processo eleitoral e aquilo que verdadeiramente importa ao cidadão fica em segundo plano.
"Todos esperam que o Estado trabalhe, que o Poder Público trabalhe e entreguer resultado para o cidadão. É isso que importa ao cidadão brasileiro, aos mato-grossenses”, afirmou Mauro.
Mesmo com a fala inicial, onde rechaça a antecipação do processo eleitoral, o chefe do Poder Executivo não perdeu a oportunidade de tratar do assunto, já que foi questionado e disparou: “Em nível de conjectura, está muito cedo. Tudo é possível, dentro de um viés”. Ele admitiur a proximidade com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que chegou a acenar positivamente à filiação do governador e de seu vice em suas fileiras, mas sem abandonar a postulação já colocada do sendador Wellington Fagundes em disputar o Governo do Estado e do deputado federal José Medeiros a uma das duas vagas para o Senado.
“O PL é um partido próximo de nós. Foi parceiro em 2022 [quando ele foi reeleito e tinha como companheiro de chapa ao Senado o senaodor Wellington, que, pelo visto, estará em campo oposto em 2026], e pode ser parceiro em 2026. Mas, hoje, o meu candidato é o meu vice, Otaviano Pivetta. Eu não estou falando em nome da União Brasil, porque não houve essa decisão dentro partido".o governador, ao lado de Pivetta e Abílio.
Aliás, desde a noite de terça-feira (9), quando o resultado da reunião vazou, fatos novos, como a fala do prefeito Abílio Brunini, passaram a circular, aquecendo ainda mais os burburinhos.
Tentando esclarecer, sem conseguir convencer, o governado, pelo seu próprio histórico político, não decide as coisas a toque de caixa ou no tempo de aliados e partidos.
Seu aceno foi muito mais por ter sido provocado pela imprensa do que por vontade própria, mesmo sendo escolado e sabedor que, quando estivesse frente à frente com a imprensa, seria questionado sobre o encontro, que se tornou uma reunião política, onde atores presentes são detentores de poder e apoio político, mas não de todo poder e apoio político existentes.
Já ao vice-governador Otaviano Pivetta coube apaziguar os ânimos em relação ao senador Jayme Campos (União), que, em seu melhor estilo, resolveu cutucar a reunião, ao declarar que o movimento foi uma decisão pessoal do governador. E afirmou que o União Brasil "é maior do que qualquer preferência individual".
Pivetta reafirmou, mais de uma ve,z que respeita Jayme por seu histórico político eleitoral, e garantiu que o encontro, em seu apartamento, não decidiu nada, apenas houve demonstrações de preferências pessoais que necessitarão ser conversadas e definidas entre todos os partidos e filiados, que devem compor o arco de alianças que irá disputar as eleições em outubro de 2026.
"SOCIEDADE ANÔNIMA" - Segundo a coluna Cuiabá Urgente, deste DIÁRIO, Jayme Campos resolveu "romper o silêncio e detonar a aliança pró Pivetta".
Um dos caciques do União Brasil, JC não gostou da articulação política de parte da base do Governo com vistas às eleições de 2026.
A manobra colocou Pivetta como principal nome da base do Governo do Estado, em 2026.
O senador não foi convidado para a reunião, que ocorreu no apartamento do vice-governador, na noite de terça-feira (8), com a presença de Mauro Mendes (UB), Blairo Maggi (PP), Max Russi (PSB), do presidente nacional do Republicanos, Marcos Antônio Pereira, entre outros.
Nesta quinta-feira (10), JC rompeu o silêncio e, em entrevista, afirmou que o movimento é uma “decisão pessoal” do governador, observando que o União Brasil "é maior que qualquer preferência individual".
“Mauro fecha acordo com quem ele quiser. Eu não sou filho do Mauro Mendes, sou do partido do Mauro Mendes”, disse. “Quando for a hora de discutir candidatura, tem que ser dentro do partido. Caso contrário, é só a opinião dele”, completou.
Considerando que o UB tem a maior bancada no Estado, o senador defendeu que a legenda lance candidaturas próprias às vagas majoritárias. E afirmou:“Sou candidato a governador ou a senador. Não sou do Republicanos, sou do União”
Jayme ainda ironizou o fato de o poder ser concentrado em um grupo.
“Mato Grosso não é uma sociedade anônima, onde cinco sócios se reúnem numa sala e escolhem o gerente”, afirmou.
Resta saber agora como recompor a base aliada que permitiu a eleição e a reeleição do atual grupo que governa Mato Grosso desde 2019, e que vinha colhendo bons frutos, enquanto nenhum dos caciques tentou comer mais fruta que o outro, pois, ao não repartir, a parceria deu lugar à pancadaria. O que não é bom para nenhum dos atore,s e a fragmentação do grupo enfraquece o grupo e fortalece a oposição.
Mesmo com o vice-governador sinalizando que deve procurar o senador, o que era uma conversa para afinar e definir entendimentos, a partir de agora, vai ter que servir para reconstruir unidade. Se ainda for possível ver todos sentados à mesma mesa.
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