Secretário da Sinfra nega túnel no Portão do Inferno e contraria anúncio do governo

Secretário da Sinfra nega túnel no Portão do Inferno e contraria anúncio do governo

O secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Marcelo de Oliveira, negou nesta sexta-feira (18) que o governo de Mato Grosso tenha decidido pela construção de um túnel no trecho do Portão do Inferno, na MT-251, entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães. A declaração contraria o anúncio feito em junho pelo governador Mauro Mendes (União), que havia confirmado o túnel como nova solução para a região, após o projeto de retaludamento ter sido descartado por riscos geotécnicos.

Ao ser questionado sobre o andamento do novo projeto, Marcelo respondeu que não há definição e que uma resposta definitiva pode sair somente nas próximas semanas. “Quem que falou em túnel? Eu não falei, não sei ainda. Talvez dentro de 15, 20 dias a gente tenha essa resposta”, afirmou o secretário.

Em junho, o governo estadual divulgou que lançaria em agosto o edital de licitação para contratação da empresa responsável pela obra do túnel. A mudança ocorreu após estudos técnicos indicarem instabilidade no solo, o que inviabilizou o corte dos paredões e outras intervenções previstas no retaludamento.

Durante a entrevista, o secretário também criticou os entraves ambientais que, segundo ele, dificultam qualquer tipo de intervenção na área. “Ali tudo é problema. É ICMBio, é Iphan, é Ibama. Ali é um parque nacional. O licenciamento, não pode fazer implantação de material, não pode colocar vegetação que não é nativa”, disse.

Caso o governo opte mesmo pelo túnel, será necessário iniciar um novo processo de licenciamento ambiental, já que a licença atual foi emitida exclusivamente para a proposta de retaludamento. O procedimento pode exigir novos estudos e atrasar o início da obra.

Obra emergencial e riscos

A instabilidade no Portão do Inferno ganhou destaque em dezembro de 2023, quando duas quedas de rochas em menos de 24 horas levaram o governo a decretar situação de emergência na região. O tráfego na MT-251 foi suspenso em diversos momentos desde então, principalmente durante o período chuvoso, quando há maior risco de deslizamentos.

Com a interdição da rodovia, motoristas têm sido obrigados a utilizar rotas alternativas com até 150 quilômetros de percurso adicional, o que afeta diretamente moradores, turistas e prestadores de serviço que circulam entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães.

Segundo o governo, mais de R$ 9 milhões já foram aplicados no projeto inicial, que agora está paralisado. A substituição por um túnel exigirá novos investimentos e o cancelamento do contrato atual com a empresa responsável pela obra.

A Secretaria de Infraestrutura informou que o projeto definitivo deve ser apresentado em até 20 dias. A expectativa, segundo o governo, é que o novo edital seja publicado ainda em agosto.