A médica Lúcia Helena Barboza Sampaio deixou o comando da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá nesta terça-feira (29), após sete meses no cargo. O motivo da exoneração não foi informado oficialmente pela Prefeitura, que também não anunciou o nome do substituto. A saída ocorre em meio a pressões políticas e críticas à condução da saúde na capital.

Ex-presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Lúcia foi uma das primeiras figuras públicas a apoiar o então candidato Abílio Brunini (PL) ainda no primeiro turno das eleições municipais. Antes mesmo da vitória no segundo turno, o nome dela já estava confirmado para a equipe de governo.

Ao assumir, encontrou uma secretaria com contratos desequilibrados, pagamentos de salários em atraso, pendências trabalhistas com servidores e dívidas com fornecedores. A gestão da médica se concentrou no enxugamento de contratos e na tentativa de reorganizar o setor, priorizando regularizações básicas e restabelecimento da estrutura mínima de funcionamento.

Nas últimas semanas, no entanto, Lúcia passou a enfrentar forte pressão de vereadores insatisfeitos com os resultados da secretaria. A Câmara intensificou convocações e críticas públicas à secretária, que, mesmo comparecendo para prestar esclarecimentos, passou a ser alvo de articulações políticas para sua retirada.

A exoneração amplia o clima de instabilidade dentro da gestão de Abílio Brunini, que já soma diversas trocas em cargos estratégicos em pouco mais de seis meses de mandato. O cenário se repete em Várzea Grande, administrada pela prefeita Flávia Moretti (PL), correligionária de Abílio, que também enfrenta dificuldade para manter a equipe de governo.

Dois nomes são cogitados para assumir interinamente a Secretaria de Saúde: a médica Danielle Carmona, que já ocupou a pasta em gestões anteriores, e o atual secretário-adjunto Murilo Bianchini. A confirmação oficial deve ocorrer ainda nesta terça-feira, em coletiva convocada pelo prefeito.

A saída de Lúcia Helena, considerada um dos principais quadros técnicos da gestão, acende um novo sinal de alerta sobre a condução da saúde pública em Cuiabá e a capacidade do Executivo municipal de manter estabilidade administrativa em áreas essenciais.