Sem restrições ou impedimentos, por causa dos projetos de candidaturas à Presidência da República, os senadores Jayme Campos (União Brasil) e Carlos Fávaro (PSD) - licenciado para assumir o Ministério da Agricultura do Governo Lula (PT) - discutiram, durante um jantar, na terça-feira (22), visões sobre os problemas internacionais que o Brasil enfrenta na disputa por tarifas com os Estados Unidos e discutiram a possibilidade de caminharem juntos, nas eleições de 2026.
Os dois senadores concluem seus mandatos em 10 de fevereiro de 2027. Portanto, se desejam permanecer na vida pública por meio de um mandato eletivo, têm que disputar a reeleição ou o Governo do Estado.
Em 2026, estarão em disputa 54 vagas (2/3) das 81 cadeiras de senador, que, dentro do sistema bicameral, é o representante dos estados. São três representantes por estado, enquanto a representatividade na Câmara Federal leva em consideração a população. Por isso, o número de deputados federais é de acordo com o número de habitantes.
"O PSD liberará os entendimentos nos estados. Mas, por enquanto, é só essa a decisão em relação às eleições de 2026. No mais, estamos apenas mantendo diálogo aberto e construindo possíveis alianças, independentemente da questão da sucessão federal", disse Carlos Fávaro.
Ele explicou que o fato de abrir sua casa para receber em jantar o senador Jayme Campos e sei irmão, o deputado estadual Júlio Campos, ambos do União Brasil, é mais do que uma sinalização de boas vindas e da possibilidade de conversas futuras.
Fávaro evitou falar em outra disputa que não a reeleição. Se declarou "homem de partido" e afirmou que discussões irão se afunilar conforme os prazos irão correndo.
Disse que vê com "bons olhos" as candidaturas de Jayme Campos e da deputada estadual Janaina Riva (MDB), tanto para o Senado como para o Governo de Mato Grosso.
Em 2018, Jayme e Fávaro eram candidatos ao Senado, na chapa encabeçada por Mauro Mendes, então candidato a governador.
Na época, foram eleitos Jayme e a juíza Selma Arruda (Podemos), que, em 2019, ainda em seu primeiro ano de mandato, foi cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por abuso de poder econômico e arrecadação ilícita de recursos.
Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela convocação do terceiro mais votado - no caso, Carlos Fávaro - até que uma eleição suplementar fosse realizada, o que ocorreu em 19 de dezembro de 2020, por causa da pandemia de Covid-19.
Carlos Fávaro não apenas confirmou sua eleição como senador, com mais de 370 mil votos (26%), em uma eleição em que enfrentou outros 10 candidatos. Inclusive, a hoje deputada federal Coronel Fernanda (PL), que teve em seu palanque nada menos do que o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-governador Pedro Taques, do do qual foi vice-governador.
Jayme Campos, por sua vez, disse que nunca é cedo para se conversar, debater ideias e construir projetos visando o bem comum. Mas, segundo ele, é preciso, acima de tudo, respeitar os prazos legais previstos na legislação eleitoral e levar as discussões para dentro dos partidos.
"Nós, enquanto filiados ao União Brasil, sempre cobramos que as discussões e decisões sejam feitas dentro das regras do partido", disse o senador Jayme Campos, que, indiretamente, cutucou o governador Mauro Mendes - que também é presidente regional do União Brasil -, que realizou encontros e tomou decisões sobre sua sucessão.
Depois de ser cobrado publicamente, ele admitiu que apoia a pré-candidatura do vice-governador, Otaviano Pivetta (Republicanos), para dispuitar a sua sucessão. Completou afirmando que essa decisão - durante jantar do qual participaram políticos, megaempresários e presidentes de partidos - foi de "cunho pessoal, particular e não partidário".
Em entrevista recente, Jayme declarou que, na última conversa da cúpula do União Brasil, uma semana depois da divulgação da opção pela candidatura de Pivetta, ficou com a impressão de que o governador Mauro Mendes e seu grupo político já haviam fechado questão quanto à candidatura ao Governo do Estado.
Para ele, esse fato reduziria, de forma drástica, as possibilidades de composição, dentro do próprio União Brasil, como diante de eventuais partidos ou federação que desejam se coligar com a sigla.
"Quem fecha portas não constrói pontes, e sem pontes, os destinos a serem conquistados se tornam mais arriscados e com alto risco de naufragarem. Por isso, estou conversando com políticos, partidos, candidatos, população, líderes... Enfim, estou fazendo política de base, de cima para baixo, e não impondo nada, para então decidir qual o melhor caminho a seguir. E, diferentemente de alguns, eu não fecho portas e não decido nada sem ouvir as ruas, ouvir o povo, pois o eleitor é quem decidirá seus futuros representantes", afirmou o senador,
Além de Carlos Favaro, Jayme Campos, Júlio Campos, participaram da reunião a esposa do ministro, Claudinéia Fávaro, e a filha Rafaela Fávaro, que foi candidata, pela primeira vez, como vice-prefeita na chapa do deputado estadual Lúdio Cabral para a Prefeitura de Cuiabá, em 2022, e teve um desempenho considerável.
Rafaela vem trabalhando para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa e deverá ser um dos fortes quadros que o PSD colocará na disputa, entre outros nomes.
Fávaro e Jayme Campos sinalizaram que as portas e os entendimentos estão abertos, inclusive em relação a deputada estadual e também candidata ao Senado pelo MDB, Janaina Riva.
Na segunda quinzena de agosto, a parlamentar assumirá a direção regional do partido em Mato Grosso.
Recentemente, ela reuniu com o senador Jayme Campos e firmou o mesmo compromisso - ou seja, trabalharem para construir uma agenda propositiva para Mato Grosso e sua gente, além da possibilidade de caminharem juntos em 2026.
"Cada um vai construir seu projeto visando o melhor para Mato Grosso, mas dentro do seu partido e até aonde se pode discutir, por causa das limitações legais. Estamos todos liberados nos estados. Ou seja, os acordos nacionais visando a disputa presidencial também vai ser discutida e debatida, mas não é impeditivo para caminharmos juntos em Mato Grosso", disse Carlos Fávaro, que preside o PSD no Estado.
Jayme Campos, que tem semanalmente percorrido vários municípios, levando emendas e ouvindo a população, disse que as decisões ainda vão demorar para acontece. Mas, destacou que o momento agora é de conversar e construir projetos.
"Somente assim é que saberemos qual é o sentimento da população, do eleitor", disse o senador do União Brasil, reafirmando não ter dificuldades em conversar com nenhum setor político.
"Tenho adversários políticos, e não inimigos. Não construí minha carreira política e minha vida empresarial fazendo inimigos. Pelo contrário, sempre trabalhei procurando construir pontes", afirmou.
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