Por Mané Catraca   A clássica irreverência cuiabana já é histórica. A sátira está na alma de um povo alegre e hospitaleiro que tende a tratar com espírito humorístico os políticos e gestores que deixam a desejar no desempenho de seus mandatos.Foi assim no passado, por volta da década de 40, época ainda de calçamento de paralelepípedos (aquelas pedras irregulares) nas poucas ruas e avenidas da Capital de então, que um antigo prefeito passou a ser tratado como “Mané Buraco”. Era a resposta galhofeira e irreverente da população aos buracos nas vias urbanas.E o apelido histórico pode estar se repetindo agora, passados cerca de 70 anos, trazido à tona em função da buraqueira sem fim em ruas e avenidas, inclusive localizadas em áreas centrais e maiores ainda, nos bairros mais afastados.Diante da falta de conservação dessas vias, carros, motos e ônibus são obrigados a fazer manobras perigosas para desviarem dos buracos. E colisões e acidentes fazem parte dessa rotina no caótico trânsito de Cuiabá, quer seja pelo crescimento de sua frota, mas, principalmente, pelo acúmulo de buracos, um atrás do outro.“Dirijo em Cuiabá há mais de 40 anos e nunca vi a cidade tão esburacada como agora”, afirma o veterano condutor Francisco Morais.  Ele alega não ter conhecido o “Mané Buraco” histórico, mas o atual prefeito Emanuel Pinheiro estaria, no seu entender, “ressuscitando” o personagem.Se alguém tiver dúvida disso, pare em um ponto de táxi, troque uns “dedos de prosa” com os taxistas e pergunte se eles, que estão diariamente trafegando e fazem do volante o seu ganha-pão, já viram antes a cidade com tantos buracos como agora?A resposta, por certo, vai ser parecida com a que este colunista ouviu: “Está virando um buraco só”!Isto sem falar em “buracos”, até mais graves, em áreas como a da saúde pública, entre outros setores ligados a administração municipal.   Voltaremos ao assunto.