"PEDRA SOBRE PEDRA": Colaboração “demolidora” de Riva tem desdobramentos no episódio famoso de “dinheiro no paletó”

Por Mário Marques de Almeida As ações que tramitam contra um grupo de ex-deputados flagrados em filmagem de vídeo recebendo dinheiro em um gabinete do Palácio Paiaguás, na gestão do ex-governador Silval Barbosa, no episódio que ficou tristemente conhecido como “dinheiro no paletó”, segue tendo desdobramentos na Justiça e causando estragos à imagem pública dos envolvidos. As novidades nesse rumoroso processo, desta feita, devem-se ao fato que o juiz Bruno D’Oliveira Marques, da Vara de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, onde tramita o feito, determinou que trechos dos depoimentos de colaboração premiada do ex-presidente da ALMT, José Riva, no qual o ex-parlamentar revela que pagava propinas em troca de apoio de um grupo de então deputados, seja anexado ao processo. Mais especificamente, o juiz refere-se a ação relacionada a um dos envolvidos no caso, o ex-deputado estadual Alexandre César (PT), na qual Bruno D’Oliveira cita o compartilhamento de uma “planilha elaborada com base nos anexos apresentados pelo colaborador” e se encontra juntada na petição que tem a relatoria do desembargador Marcos Machado, o mesmo que deferiu a colaboração de Riva, no início deste ano. Embora não tenha vindo a púbico em detalhes, sabe-se que a colaboração de Riva seria demolidora no sentido de mostrar as vísceras, o lado nem tão oculto da politica mato-grossense, pelo menos nas últimas três décadas. Segundo se comenta, o ex-presidente da Assembleia Legislativa, que comandou a Casa por mais de 20 anos, não agiu sozinho, mas vinha sendo praticamente responsabilizado, moral e penalmente, como se ele fosse o único culpado por um esquema amplo e sistêmico, enraizado, de corrupção instalado nos porões do poder no Estado. Por isso, ele optou não deixar para trás “pedra sobre pedra”, como se diz. Razão pela qual, de acordo com fontes, teria resolvido prestar, espontaneamente, os esclarecimentos à Justiça Entre vários crimes relatados, Riva menciona, em sua colaboração à Justiça, um total de 38 ex-deputados que participavam, no período entre 1.995 a 2.015, da partilha de dinheiro escuso, o chamado “mensalinho”.