CASO "RACHADINHAS": Extratos bancários provam que Queiroz e sua esposa repassaram R$ 89 mil à Michelle Bolsonaro

CASO Michelle Bolsonaro
Redação Queiroz foi preso em Atibaia em junho deste ano e solto três semanas depois - Reprodução   Extratos bancários do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz anexados à investigação sobre suposto esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Boslonaro enquanto deputado estadual no Rio revelam que o ex-PM depositou 21 cheques em nome da primeira-dama Michelle Bolsonaro. As movimentações datam de outubro de 2011 a dezembro de 2016, em valores de R$ 3 mil e R$ 4 mil que somados chegam a R$ 72 mil. Márcia depositou cinco cheques de R$ 3 mil e um de R$ 2 mil, somando R$ 17 mil. Michelle Bolsonaro - Alan Santos/PR   Em 2018, quando o caso Queiroz veio à tona, relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) anexado aos autos da Operação Furna da Onça já havia citado um cheque de R$ 24 mil depositado pelo PM em favor da mulher do presidente Jair Bolsonaro. Logo em seguida, o presidente apresentou sua versão dizendo que o valor seria referente a parcela do pagamento de um débito antigo de Queiroz com ele. Além disso, apontou que o montante depositado em favor de Michelle seria ainda maior: R$ 40 mil. Os extratos mostram que a conta da primeira-dama começou a ser abastecida por Queiroz em 2011. E pelo menos 21 cheques foram depositados entre 2011 e 2018”. - 2011: três cheques de R$ 3 mil (R$ 9 mil);- 2012: seis cheques de R$ 3 mil (R$ 18 mil);- 2013: três cheques de R$ 3 mil (R$ 9 mil);- 2016: nove cheques no total de R$ 36 mil. Nos extratos bancários de Queiroz não há depósitos feitos por Bolsonaro na conta do ex-PM. A publicação diz ainda que entre 2007 e 2018 foram registrados créditos de R$ 6,2 milhões na conta do ex-assessor - R$ 1,6 milhão identificado como salários, R$ 2 milhões atrelados a depósitos do gabinete de Flávio na Alerj e R$ 900 mil em espécie sem identificação. Queiroz é apontado como suposto operador financeiro de esquema de 'rachadinha' instalado no gabinete do senador Flávio Bolsonaro à época em que era deputado estadual no Rio. Ele foi preso preventivamente em junho, mas hoje está em domiciliar por ordem do ministro João Otávio de Noronha, presidente do Superior Tribunal de Justiça. A Procuradoria-Geral da República tenta restabelecer a prisão do ex-PM e de sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar.   Márcia Aguiar e Fabrício Queiroz — Foto: Reprodução   Com a palavra, Michele Bolsonaro A reportagem entrou em contato por e-mail com a Assessoria de Imprensa da Presidência da República e, até a publicação desta matéria, ainda não havia recebido uma resposta. O espaço está aberto a manifestações. Caso "Rachadinha" Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por chefiar um suposto esquema de rachadinha no gabinete dele na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando era deputado estadual. É uma prática em que o parlamentar fica com parte dos salários dos assessores. As investigações apontam que Fabricio Queiroz era o operador financeiro do esquema. Seria o responsável por receber o dinheiro e fazer pagamentos para cobrir despesas de Flavio Bolsonaro. Entre 2007 e 2018, os créditos na conta de Fabrício Queiroz totalizaram R$ 6,2 milhões. Os salários que Queiroz recebeu da PM e da Alerj somaram R$ 1,6 milhão. Outros R$ 2 milhões vieram de 483 depósitos de servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro. Há ainda, R$ 900 mil em créditos em dinheiro sem a identificação de quem depositou. A análise dos extratos bancários de 2011 a 2016, no período em que Queiroz depositou os cheques a Michelle Bolsonaro, mostra que os valores que Fabrício Queiroz recebeu foram aumentando. Em 2011, foram R$ 400 mil — R$ 158 mil depositados em dinheiro vivo. E em 2016, chegou a R$ 696 mil, sendo R$ 223 mil em espécie. Investigações Fabricio Queiroz foi preso no dia 18 de junho em Atibaia, no interior de São Paulo. Vinte e dois dias depois, ele conseguiu um habeas corpus para cumprir prisão domiciliar. Com tornozeleira eletrônica, Queiroz não pode ir além da varanda do apartamento. Pela 10ª vez, Flávio Bolsonaro tenta barrar as investigações sobre o suposto esquema de rachadinha. Nesta quinta-feira (6), a defesa do senador pediu a troca dos promotores do Rio. Quer que as investigações sejam conduzidas por um procurador que atua na segunda instância ou pelo próprio procurador-geral de justiça do Rio, Eduardo Gussem. Gussem já se manifestou, determinou que os promotores do grupo de combate a corrupção continuem no caso até o fim. O que dizem os envolvidos O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que a primeira-dama não faz parte do escopo das investigações sobre a prática de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. “O trabalho segue normalmente, sob sigilo, a cargo do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ), por designação do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem”, diz a nota. A defesa de Fabrício Queiroz afirmou que só vai se manifestar nos autos sobre eventuais informações de caráter sigiloso. O Palácio do Planalto e a defesa do senador Flávio Bolsonaro não se manifestaram até a última atualização da reportagem. (Com G1 e Estadão)